As "inconsistências contábeis" reveladas nos balanços financeiros da Americanas são de responsabilidade "única e exclusiva" da varejista. A afirmação é do banco Santander, que divulgou uma nota após depoimento do atual CEO da empresa, Leonardo Coelho Pereira, à CPI que investiga o escândalo financeiro na companhia.
Entre os documentos apresentados por Pereira à CPI, estão e-mails com trocas de mensagens entre executivos. Segundo o CEO da Americanas, há provas de falsificação de documentos de supostos fornecedores, com descontos comerciais inexistentes, além de cartas pedindo a bancos que retirem informações sobre operações de risco sacado de informações comerciais.
"Conforme fato relevante publicado hoje, a Americanas confessa que "as demonstrações financeiras da companhia vinham sendo fraudadas pela diretoria anterior da Americanas". A própria empresa ressalta os esforços da diretoria anterior para ocultar do mercado a real situação de resultado e patrimonial da companhia. Isso, por si só, comprova taxativamente que a única e exclusiva responsabilidade pelas "inconsistências contábeis" é da Americanas, por intermédio da sua antiga diretoria", diz a nota do Santander.
"O Santander acrescenta que as cartas de circularização são apenas uma entre muitas fontes de auditoria e que sempre informou integralmente todos os saldos das operações da companhia no Sistema Central de Risco, mantido pelo Banco Central, que, inclusive, poderia ser fonte de auditagem", prossegue o banco.
Além do Santander, o Itaú Unibanco também negou que tenha ocultado operações da Americanas. "O Itaú Unibanco esclarece que as cartas de circularização, que são instrumento de apoio aos trabalhos de auditoria, até 2017 traziam o saldo integral das operações de antecipação contratadas por fornecedores, denominadas "risco sacado"", diz o banco.
"O Itaú reforça que a elaboração das demonstrações financeiras é responsabilidade exclusiva da companhia e de seus administradores. É leviano atribuir a terceiros a responsabilidade pela fraude, confessada pela companhia ao mercado no dia de hoje."
Como noticiado pelo Metrópoles, um relatório elaborado por assessores jurídicos e apresentado ao Conselho de Administração da Americanas apontou que as demonstrações financeiras da companhia vinham sendo fraudadas pela diretoria anterior.
Segundo a varejista, os efeitos das supostas fraudes contábeis ainda estão sendo investigados, "mas a expectativa da administração é que o impacto nos resultados mais recentes seja significativo".
O relatório apresentado ao conselho teve como base uma série de documentos entregues pelo comitê de investigação independente que apura o caso Americanas.
A Americanas está em processo de recuperação judicial, com dívidas que ultrapassam R$ 50 bilhões. Em janeiro, foi descoberto um rombo contábil de R$ 20 bilhões nas contas da empresa, o que levou credores a exigirem pagamento antecipado. O cenário fez a companhia pedir recuperação judicial para evitar uma falência imediata.
Nas últimas semanas, a varejista vem buscando um acordo com credores para pagamento dos compromissos. Após uma versão do plano de recuperação judicial ter sido rejeitada por detentores de debêntures (títulos da dívida da empresa), novas assembleias devem ser realizadas no fim de junho.
Fonte: Metropoles