A Procuradoria-Geral da República (PGR) concluiu que hĂĄ indícios de
suposto crime de peculato por parte do deputado federal André Janones (Avante-MG)
e de dois assessores no caso das "rachadinhas".
No entanto, a PGR propôs um acordo de não persecução penal (ANPP), que
permite ao acusado que confesse a prĂĄtica do delito e receba punições mais
brandas, como o pagamento de multa ou prestação de serviços à comunidade.
Com isso, Janones e seus assessores poderiam evitar o processo judicial.
A medida só pode ser aplicada em casos de menor potencial ofensivo, sem
violĂȘncia ou grave ameaça e com pena mínima inferior a 4 anos.
Para analisar os termos de um possível acordo, a PGR pediu ao ministro
do Supremo Tribunal Federal Luiz Fux, relator do caso, que a tramitação do
processo seja suspensa por 60 dias.
Segundo a PGR, a "investigação foi concluída e confirmou, em parte, a
hipótese criminal, resultando no indiciamento do parlamentar e dos
assessores". O documento foi assinado pelo vice-procurador-geral da
República, Hindenburgo Chateaubriand, e encaminhado à Corte nesta segunda-feira
(28).
"São fatos que tipificam o crime de peculato e permitem o oferecimento
de acordo de não persecução penal, nos termos do art. 28-A do Código de
Processo Penal", disse o procurador.
O crime de peculato estĂĄ previsto no artigo 312, do Código Penal, e
consiste na apropriação por funcionĂĄrio público de dinheiro, valor ou qualquer
outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo,
ou no desvio desse bem em proveito próprio ou alheio. A pena pode ser de 2 a 12
anos de prisão e multa.
PF indiciou deputado e assessores por suposta "rachadinha"
O inquérito foi aberto no ano passado após o portal Metrópoles divulgar um ĂĄudio,
no qual o deputado cobra a devolução de parte dos salĂĄrios de
então servidores de seu gabinete para ajudĂĄ-lo a cobrir gastos de campanha
eleitoral.
Em junho, a Polícia Federal confirmou por
meio de perícia que a voz na gravação é de Janones. Dois meses depois, a PF
indiciou Janones por suposta participação em um esquema de "rachadinha" em seu
gabinete.
Para os investigadores, ele seria o "eixo central" em torno do qual
toda a "engrenagem criminosa" investigada gira. O parlamentar
foi indiciado por suspeita de ter cometido os crimes de corrupção passiva,
peculato e associação criminosa.
Também foram indiciados um assessor e um ex-assessor do deputado pelos
crimes de corrupção passiva e associação criminosa. Janones nega qualquer
irregularidade.
Após o relatório da PF, a Procuradoria-Geral da República informou ao
Supremo que aguardava dados detalhados da quebra dos sigilos bancĂĄrio
e fiscal do deputado e de seus assessores para decidir sobre a denúncia.
Janones nega irregularidades e aponta "perseguição política"
Ao se defender no Conselho de Ética da Câmara, em abril deste ano, ele
afirmou que as contribuições dos assessores eram voluntĂĄrias e
reclamou de "perseguição política". O conselho arquivou as denúncias contra
o deputado.
"As acusações de "rachadinha" foram feitas com base em um ĂĄudio editado
e descontextualizado, não de um parlamentar com seus assessores, mas de um
grupo político, que visava se fortalecer para disputar eleições", disse o
deputado na ocasião.
"Não se tratava de devolver salĂĄrios, mas de contribuições
espontâneas, com a participação do parlamentar, sem qualquer obrigação ou
valores definidos, como fica claro no ĂĄudio apresentado", acrescentou.
Fonte: Gazeta do povo