A diretoria colegiada da AgĂȘncia Nacional de Saúde Suplementar (ANS) aprovou uma proposta para reformular a forma como é feito o reajuste de planos de saúde, além de outros aspectos relacionados ao setor.
Uma das mudanças seria permitir que planos de saúde façam reajustes excepcionais, acima do autorizado pela agĂȘncia, em planos individuais. Isso poderia ocorrer no caso de um "desequilíbrio econômico-financeiro" no contrato.
JĂĄ no caso de planos coletivos, a ANS propõe definir, por exemplo, uma clĂĄusula padrão para a realização de reajustes das mensalidades, de modo que haja maior transparĂȘncia no processo.
As sugestões da agĂȘncia serão submetidas a uma audiĂȘncia pública no dia 7 de outubro. A audiĂȘncia serĂĄ realizada de forma virtual, das 14h às 17h. Para participar, é preciso preencher o formulĂĄrio de inscrição até as 17h desta sexta-feira, 4. Saiba mais aqui.
A proposta prevĂȘ cinco eixos de discussão em audiĂȘncia pública: reajuste de planos coletivos; mecanismos financeiros de regulação (coparticipação e franquia); venda on-line; revisão técnica de preços de planos individuais/familiares; e planos exclusivamente ambulatoriais.
A proposta final serĂĄ elaborada de acordo com as contribuições apresentadas no processo de discussão. Mas a ANS jĂĄ deu indicações de como pretende alterar a regulação em vigor.
1 – Reajuste de planos individuais
No caso dos planos individuais, a ANS quer colocar em discussão a possibilidade de que os planos possam fazer reajustes excepcionais acima do limite estabelecido pela própria agĂȘncia, desde que estejam em dificuldade financeira. Nesse sentido, a ANS propõe que seja criado um indicador que meça a ameaça ao equilíbrio econômico-financeiro da operadora. A agĂȘncia não indicou quais critérios poderiam ser usados nesse possível indicador.
A proposta também inclui a definição de outro indicador que mostre a relevância dos planos individuais na carteira total da empresa, além de outros aspectos, como definição de contrapartidas e detalhamento das regras de comercialização de planos individuais.
2 – Reajuste de planos coletivos
Um dos principais pontos em foco é um regramento mais robusto em relação aos reajustes de mensalidade. A ANS quer, por exemplo, ampliar o número de beneficiĂĄrios por contrato. Atualmente, os grupos são de até 29 beneficiĂĄrios. O aumento desse número, segundo a ANS, faria com que houvesse uma diluição do risco ao contratar um plano, de modo que os reajustes seriam mais equilibrados.
Os planos calculam suas mensalidades a partir dos custos gerados por diversos usuĂĄrios. Então, quando uma pessoa faz parte de um plano coletivo, sua mensalidade é cobrada levando em conta o custo gerado por todo aquele grupo. Assim, os custos gerados por pessoas que utilizam muito o plano acabam diluídos devido àquelas que utilizam pouco. Atualmente, o reajuste de planos coletivos é feito a critério das operadoras, podendo ser notificadas pela ANS caso haja acréscimos exorbitantes.
A diluição dos custos para proporcionar mensalidades mais condizentes também esteve no foco do relatório do deputado Duarte Júnior (PSB-MA), que relata o PL dos Planos na Câmara dos Deputados. Em novembro do ano passado, o parlamentar propôs que os reajustes fossem feitos de acordo com o tamanho das operadores. Para empresas pequenas, com contratos de até 99 vidas (beneficiĂĄrios), o cĂĄlculo deveria levar em conta todos os usuĂĄrios para determinar o percentual de aumento. A estratégia é uma tentativa de que não haja aumentos abusivos em planos de poucas pessoas. Até o momento, no entanto, o projeto estĂĄ parado na Câmara.
Outra proposta da ANS nesse eixo é que haja uma clĂĄusula padrão para definir os reajustes dos planos com o objetivo de dar maior transparĂȘncia ao cĂĄlculo feito pelas empresas para definir o percentual.
3 – Planos ambulatoriais
Os planos ambulatoriais, que disponibilizam atendimento médico, mas sem cobertura de internação, também serão debatidos. O tópico foi incluído a pedido do diretor-presidente da ANS, Paulo Rebello. Segundo ele, é preciso estabelecer um regramento claro para a modalidade, chamada de "cartões de desconto", que é cada vez mais usada no Brasil.
"Hoje em dia, sabemos que hĂĄ cerca de 60 milhões de pessoas usando cartões de desconto, que são produtos baratos, sem qualquer tipo de regulação e fiscalização, mas que possibilitam a realização de consultas e exames", disse.
4 – Coparticipação e franquia
A ANS sugere que haja definição do percentual mĂĄximo de coparticipação a ser cobrado por procedimento. Além disso, a agĂȘncia propõe que seja fixado um valor limite mensal e anual para a cobrança de coparticipação.
A agĂȘncia também quer definir sobre quais procedimentos não poderĂĄ haver cobrança.
5 – Venda de planos on-line
Por fim, a ANS propõe que haja um debate sobre os critérios da venda de planos on-line. A agĂȘncia quer que seja estabelecida a obrigatoriedade de venda desses produtos de forma on-line, "a fim de facilitar o acesso dos consumidores a diferentes opções de produtos, de forma rĂĄpida".
A entidade aponta também a necessidade de aprimorar a resolução que trata sobre a comercialização on-line de planos, mas não dĂĄ maiores detalhes sobre que tipo de alterações pretende discutir.
A Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), que representa o setor de planos, afirmou ao Estadão que ainda estĂĄ analisando as propostas feitas pela ANS e não vai comentar.
Fonte: agoranoticiasbrasil.com.br/