Neste 7 de setembro de 2024, Dia da Independência do Brasil, os olhares de todo o país estão voltados para a Avenida Paulista, onde está ocorrendo uma grande manifestação que promete entrar para a história. A presença de figuras de peso como o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o pastor evangélico Silas Malafaia reforça o caráter político e religioso do evento, que atraiu milhares de apoiadores. O objetivo principal da mobilização é pressionar o Congresso Nacional, mais especificamente o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, para que seja dado andamento ao pedido de impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
A concentração na Avenida Paulista teve início nas primeiras horas da manhã, com manifestantes vindo de diversas partes do Brasil, portando faixas, bandeiras e cartazes com dizeres contra Alexandre de Moraes e o Supremo Tribunal Federal. De acordo com os organizadores, a expectativa era reunir centenas de milhares de pessoas, em uma demonstração de força e insatisfação popular com o atual cenário político e judicial do país. "Nós queremos um Brasil livre, e o primeiro passo é tirar do poder aqueles que agem contra a nossa Constituição", afirmou um dos manifestantes.
Entre as principais reivindicações dos presentes está o pedido de impeachment de Moraes, que se tornou alvo de críticas acirradas por suas decisões no âmbito das investigações contra grupos ligados ao ex-presidente Bolsonaro, além de sua atuação no combate à desinformação e à disseminação de fake news. Para muitos dos presentes, Moraes simboliza uma "ameaça" à liberdade de expressão e à democracia, o que justifica o tom exaltado da manifestação.
Uma das grandes surpresas reveladas ao longo da manifestação foi a presença de bonecos gigantes de Alexandre de Moraes e Rodrigo Pacheco, figuras centrais no foco dos protestos. Os bonecos, com feições caricaturadas, foram levados em carros de som, acompanhados por vaias e palavras de ordem dos manifestantes. A escolha de representar ambos de maneira exagerada serviu para reforçar o clima de desaprovação, principalmente em relação à condução de processos no Senado, que, segundo os organizadores, estaria "barrando" os pedidos de impeachment de Moraes.
O uso de bonecos gigantes já se tornou uma tradição em manifestações políticas no Brasil, sendo uma forma de satirizar e criticar publicamente figuras de destaque. Neste 7 de setembro, a presença dessas figuras de grande escala simbolizou, para os manifestantes, o peso das instituições que, segundo eles, estariam agindo contra a vontade popular. "É um absurdo que Rodrigo Pacheco continue a engavetar esses pedidos. O povo não aguenta mais", disse um dos líderes do movimento durante discurso no carro de som.
Jair Bolsonaro, uma das figuras centrais da manifestação, chegou à Avenida Paulista por volta do meio-dia, sendo recepcionado por uma multidão de apoiadores vestidos de verde e amarelo. O ex-presidente, que não esconde suas críticas ao Supremo Tribunal Federal, principalmente a Alexandre de Moraes, subiu em um trio elétrico e, em seu discurso, voltou a reforçar a necessidade de "limpar as instituições brasileiras". "O Brasil é maior do que meia dúzia de pessoas que querem ditar o futuro da nossa nação", afirmou Bolsonaro, arrancando aplausos e gritos de apoio da multidão.
Ao lado de Bolsonaro, o pastor Silas Malafaia, uma das lideranças evangélicas mais influentes do país, também marcou presença. Em seu discurso, Malafaia destacou a importância da manifestação como uma expressão legítima da insatisfação popular. "Nós estamos aqui porque acreditamos em um Brasil justo, onde a fé, a liberdade e a democracia sejam respeitadas", disse o pastor, que também criticou duramente as ações de Alexandre de Moraes no STF.
A aliança entre Bolsonaro e Malafaia é antiga e tem raízes na base conservadora e cristã que apoia ambos. Para muitos manifestantes, a presença de Malafaia ao lado de Bolsonaro fortalece ainda mais a luta contra o que eles chamam de "perseguição judicial" promovida por Moraes.
Um dos focos principais da manifestação é pressionar Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, a dar andamento ao processo de impeachment de Alexandre de Moraes. Diversos cartazes e faixas levados pelos manifestantes pediam que o Senado "ouvisse o povo" e colocasse em votação o pedido de destituição do ministro. "Se o Senado não agir, será conivente com esse abuso de poder que estamos vendo no STF", disse um dos organizadores do evento.
A pressão sobre Pacheco não é novidade, mas a manifestação deste 7 de setembro traz uma nova intensidade ao movimento, que tem ganhado força em meio às críticas à atuação do Supremo Tribunal Federal. Muitos dos manifestantes acreditam que o Senado tem a obrigação de atender à vontade popular e colocar em pauta o impeachment de Moraes, sob pena de perder a credibilidade perante o eleitorado.
Apesar do clima acalorado, até o momento, a manifestação na Avenida Paulista tem se mantido pacífica. A Polícia Militar de São Paulo montou um esquema de segurança robusto para garantir a ordem no local, com a presença de centenas de policiais e bloqueios em ruas adjacentes para controlar o fluxo de pessoas. Mesmo com a grande concentração de pessoas, não foram registrados incidentes de maior gravidade.
Os organizadores da manifestação, entre eles grupos alinhados ao bolsonarismo e movimentos conservadores, pediram que os participantes evitassem confrontos e se concentrassem nos discursos e na caminhada ao longo da Avenida Paulista. "Nosso objetivo é mostrar nossa força de forma pacífica, mas firme", afirmou um dos líderes do movimento.
Com a grande repercussão desta manifestação de 7 de setembro, resta saber quais serão as consequências políticas reais deste evento. A pressão sobre Rodrigo Pacheco e o Senado deve aumentar nos próximos dias, mas ainda é incerto se isso será suficiente para impulsionar o processo de impeachment de Alexandre de Moraes. Além disso, o evento pode reacender o debate sobre o papel do STF e sua atuação nos últimos anos, especialmente no que diz respeito à sua relação com o Executivo e Legislativo.
Por outro lado, a participação de Jair Bolsonaro e de líderes religiosos como Silas Malafaia reforça a narrativa de que há um forte movimento conservador em curso no país, disposto a lutar contra aquilo que percebem como um "aparelhamento" das instituições. A manifestação de hoje também pode servir como uma prévia do que esperar nas eleições municipais e, posteriormente, nas eleições presidenciais de 2026.
O Brasil, neste 7 de setembro, de fato parou, mas o que virá nas próximas semanas é o que determinará se esta manifestação terá sido apenas mais um capítulo ou um verdadeiro ponto de virada na história política do país.
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