Uma troca na Esplanada dos
Ministérios ganha tração longe das brigas partidárias e de eventual
insatisfação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Trata-se do comando
da chancelaria brasileira. Sairia o atual ministro das Relações Exteriores,
Mauro Vieira, 73 anos, e entraria a Maria Laura da Rocha, 68 anos, que ocupa o
cargo secretária-geral da pasta. Ela é uma espécie de número dois do
ministério. Tudo previamente combinado, como nos melhores acordos diplomáticos,
conforme fontes vinculadas ao governo petista.
Passadas as eleições municipais,
em outubro deste ano, e a sucessão nas presidências da Câmara e do Senado, em
fevereiro de 2025, a expectativa em Brasília é que Lula promova uma reforma
ministerial para contemplar os dois últimos anos de mandato. Tais trocas vão
levar em conta o novo arranjo dos partidos nas cidades e no Congresso. A base
da negociação é com os caciques das legendas. A troca no Itamaraty passa longe
disso.
A troca no Ministério das
Relações Exteriores seria mais estratégica e atenderia a uma combinação entre
Mauro Vieira, Maria Laura e o assessor internacional de Lula, o ex-chanceler
Celso Amorim, 82 anos. Amorim é o principal nome da diplomacia petista nos
últimos 20 anos, desde que comandou a chancelaria no primeiro mandato de Lula. A
troca prevista não afetaria o poder de Amorim – Maria Laura é afinada com ele.
Cenário atual
Neste momento o serviço exterior do ministério está em estado de greve, mas não
há uma insatisfação com Mauro Vieira ou com o próprio Amorim. Mas há uma
expectativa de mudança para os dois anos finais do terceiro mandato. E neste
caso uma torcida entre petistas para a ascensão de uma primeira mulher no
comando da chancelaria brasileira, algo que chegou a ser avaliado na transição
em 2022.
+Diplomatas brasileiros aprovam
indicativo de greve inédito na história do Itamaraty
Um fator, entretanto, ainda deixa
qualquer movimento em suspenso. As eleições norte-americanas e uma possível
vitória de do republicano Donald Trump, esperada por bolsonaristas e temida por
petistas por causa da capacidade de ataque ao sistema institucional brasileiro
a partir do exterior. Caso a democrata Kamala Harris ganhe, uma figura que
ganha ainda mais projeção é a atual embaixadora nos EUA, Maria Luiza Viotti. A
sucessora natural no Itamaraty, entretanto, seria a atual secretária-geral,
Maria Laura.