Uma mulher cuja condenação foi anulada após cumprir 43 anos de uma
sentença de prisão perpétua foi libertada nessa sexta-feira (19), apesar das
tentativas do procurador-geral do Missouri de mantê-la presa. As informações
são da agência de notícias Associated Press.
Sandra Hemme, de 64 anos, deixou uma prisão em Chillicothe, no
Missouri. Ela foi a mulher que ficou presa injustamente por mais tempo nos EUA,
de acordo com sua equipe jurídica do Projeto Inocência.
Ao sair da prisão, ela se reencontrou com a família, uma irmã,
filha e a neta.
"Você era apenas um bebê quando sua mãe me enviou uma foto sua",
disse ela à neta. "Você parecia exatamente como sua mãe quando era pequena e
ainda parece com ela."
O juiz decidiu originalmente em 14 de junho que os advogados de
Hemme haviam apresentado "provas claras e convincentes" de "inocência real" e
anulou sua condenação. Mas o procurador-geral Andrew Bailey lutou contra sua
libertação nos tribunais.
Sandra Hemme foi presa na década de
1980 — Foto: Missouri Department of Corrections via AP/Arquivo
"Foi muito fácil condenar uma pessoa inocente e muito mais difícil
do que deveria ser para libertá-la, chegando ao ponto de ordens judiciais serem
ignoradas", disse seu advogado Sean O"Brien. "Não deveria ser tão difícil
libertar uma pessoa inocente."
Durante uma audiência no tribunal na sexta, o juiz Ryan Horsman
disse que, se Hemme não fosse libertada em poucas horas, o próprio Bailey, o
procurador, teria que comparecer ao tribunal na terça-feira de manhã. Ele
ameaçou considerar o escritório do procurador-geral em desacato.
Sandra cumpria uma sentença de prisão perpétua no Centro
Correcional de Chillicothe pelo assassinato a facadas em 1980 da funcionária de
biblioteca Patricia Jeschke em St. Joseph, Missouri.
A liberdade imediata de Hemme foi dificultada por causa de outras
sentenças que ela recebeu por crimes cometidos enquanto estava presa. Ela
recebeu uma sentença de dois anos em 1984 por "se oferecer para cometer
violência" e por 10 anos em 1996 por atacar um funcionário na prisão com uma
lâmina de barbear.
O procurador-geral argumentou que Hemme representa um risco de
segurança para si mesma e para os outros e que ela deveria começar a cumprir
essas sentenças agora.
Sandra não falou com os repórteres após a sua libertação. Seu
advogado disse que ela iria ao hospital onde seu pai está internado com
insuficiência renal para cuidados paliativos. "Isso já estava demorando muito
para acontecer", disse ele sobre a libertação dela.
Fonte: agoranoticiasbrasil.com.br/