Os avanços tecnológicos recentes têm modificado a
forma e a intensidade da comunicação entre as pessoas. As cada vez mais
modernas, instantâneas e variadas plataformas de mensagens e redes sociais
possibilitam uma realidade que não era imaginada há pouco tempo. Essas novas
ferramentas e recursos modificaram o comportamento das pessoas e o seu uso
excessivo vem sendo normalizado em todas as faixas etárias, no mundo todo.
Um dos aspectos mais atraentes dessas tecnologias é
a possibilidade de inclusão social proporcionada pela utilização da internet
como campo de encontro num imenso mundo virtual. Isso dá aos usuários um
universo de possibilidades, inimaginável num passado não muito remoto. Porém, o
uso excessivo de smartphones, por exemplo, deixa as pessoas – inclusive
crianças - dependentes, desencadeando o transtorno chamado nomofobia.
O termo, que foi criado no Reino Unido, deriva do
inglês e é uma abreviação da expressão no-mobile-phone phobia (algo como "fobia
de ficar sem celular") e foi cunhado durante uma pesquisa realizada pela
organização UK Post Office. Ele surgiu para indicar a angústia ou o desconforto
causado pelo medo de ficar offline, ou seja, pelo temor de ficar incomunicável
por meio da internet, do computador ou do telefone celular. Esse transtorno,
que é físico e mental, é causado pelo uso excessivo de celulares e está sendo
discutido em diversas esferas, sendo um distúrbio multifatorial.
Segundo Roberto James, mestre em psicologia e
especialista em comportamento do consumidor, essa dependência do celular como
ferramenta para os afazeres do dia a dia, indica razões sociais, funcionais,
orgânicas e de saúde para ser desencadeada. "O smartphone passou a agrupar
funções antes realizadas por computadores, que em décadas passadas era
utilizado apenas para o trabalho", afirma Roberto, que complementa, "hoje,
confunde-se lazer com obrigações diárias e até mesmo com o estudo".
Dados da Associação Brasileira de Medicina (ABM)
apontaram que, em 2021, 10% dos brasileiros sofriam de nomofobia. Já uma
pesquisa realizada pela Universidade McGill de Montreal, no Canadá, indica que
o Brasil fica atrás apenas da Malásia, Arábia Saudita e China no ranking global
de viciados em smartphones.
"Esse sentimento de medo, pânico ou ansiedade
intensa por sentir falta do aparelho faz com que a pessoa se torne dependente
fisicamente, como se fosse um usuário de drogas. A partir desse acúmulo de
funções nos celulares, sua importância extravasou os limites do razoável que se
utiliza no dia a dia", afirma Roberto.
Pessoas com nomofobia não saem de casa sem o
celular, mantendo-se atentas e conectadas ao aparelho 24 horas por dia. Para
diagnosticar o distúrbio, é importante identificar os sintomas para que a
dependência seja tratada e não se torne um problema ainda maior na vida do
indivíduo.
Roberto James, especialista em comportamento de
consumo lista alguns sinais de alerta para saber quando é indicado procurar um
especialista:
· Sensação
de que o celular está tocando ou vibrando a todo o momento, mesmo sem novas
notificações ou ligações
· Taquicardia
ou sudorese quando acha que esqueceu ou perdeu o aparelho
· Angústia,
mau humor ou irritação quando está sem sinal de internet
· Incapacidade
de diminuir o tempo que fica conectado
"A função de um smartphone não é desenvolver
dependência no indivíduo. É preciso lembrar os pontos positivos dessa
tecnologia, como aproximar pessoas e obter informações em tempo real. O que se
precisa discutir são os excessos, os limites ultrapassados e a sua dependência,
que causa transtornos e modifica a qualidade de vida do indivíduo. Esse uso
exagerado atrapalha o desenvolvimento dos mais jovens e causa problemas de
relacionamento e desempenho nos adultos, restringindo suas vidas", conclui o
especialista.
Sobre Roberto James
Roberto James é mestre em psicologia, especialista em comportamento de consumo
e em criação de estratégias de vendas. Palestrante e autor dos livros "O
consumidor tem pressa: corra com ele ou corra atrás dele" e "Vivendo
o Varejo Americano: uma viagem no coração do consumo".