As forças de segurança do Estado do Rio
de Janeiro ocupam, na manhã desta segunda-feira (15), 10 comunidades de 6
bairros da Zona Oeste do Rio. O objetivo da ação é a retomada de territórios e
coibir as disputas entre traficantes e milicianos na região, que ocorrem há
quase dois anos.
Segundo o Governo do Estado, a operação
foi idealizada e pautada por informações de inteligência e definida por
informações sobre os casos de crimes nessas regiões. A Zona Oeste do Rio tem
sido alvo de intensas disputas territoriais por parte de traficantes e
milicianos.
Dois mil policiais Civis e militares
atuam, por tempo indeterminado, na Cidade de Deus, Gardênia Azul, Rio das
Pedras, Morro do Banco, Fontela, Muzema, Tijuquinha, Sítio do Pai João,
Terreirão, César Maia. A comunidade de Rio das Pedras é considerada o berço da
milícia no estado.
Os bairros onde acontece a operação
são: Jacarepaguá, Barra da Tijuca, Recreio, Itanhangá, Vargem Grande e Vargem
Pequena.
Duas aeronaves blindadas sobrevoam as
comunidades e são usadas pelos agentes. Entre os equipamentos usados pelos
policiais também estão:
· Drones com reconhecimento facial;
· 200 viaturas;
· 40 motocicletas;
· Ambulância blindada.
Os agentes também buscam cumprir
mandados de prisão de criminosos que estão em aberto.
Até às 7h, um homem havia sido preso.
Maicon Silva de Paula foi preso em casa, no Beco do Borracheiro, no Recreio,
com 101 sacolés de maconha, uma pistola, 15 munições e R$ 60. O caso está sendo
registrado na 42ª DP (Recreio).
Disputa territorial
Há cerca de dois anos, moradores dessas comunidades convivem com intensos
confrontos e dezenas mortes em função da disputa entre esses grupos criminosos.
Nos últimos dois anos, o Comando
Vermelho financiou bandos armados e articulou dezenas de ataques na região. Só
em Jacarepaguá, a facção tomou 19 comunidades em 14 bairros diferentes, que
antes eram dominadas por paramilitares.
O interesse do Comando Vermelho na
região não está apenas em implantações de bocas de fumo. Há alguns anos, o
tráfico passou a replicar o modelo da milícia, com exploração da venda de gás e
pacotes de internet e até do mercado imobiliário, refletindo também uma
diversificação dos negócios escusos da facção.
Atualmente, ainda há quatro favelas em
Jacarepaguá que são alvos constantes de ataques do grupo criminoso — como Rio
das Pedras, considerado o berço da milícia.
Um levantamento da inteligência da PM
aponta que o CV domina 1085 localidades em todo o estado — o número é maior do
que a soma dos territórios dominados pela milícia e outras facções do tráfico.
Lavagem de dinheiro da criminalidade
De acordo com o governador Cláudio Castro, a ocupação visa coibir a lavagem de
dinheiro da criminalidade.
"Trabalharemos para a retomada da ordem
nessa região que vai do Itanhangá até as Vargens . Livraremos nossa população
de um julgo territorial. Retomaremos serviços públicos que, infelizmente, tem
sido utilizada por essa criminalidade para obtenção de recursos e lavagem de
dinheiro. Combateremos todo tipo de crime: patrimonial, público, ao meio ambiente",
destacou.
De acordo com a Secretaria de Segurança
Pública, a ação também vai fiscalizar o comércio dessas regiões.
"Começamos hoje uma ação estruturada.
Uma ação que advém de diversas investigações. Mas, sobretudo, pelo serviço de
inteligência e pelos serviços que mostra que a mancha criminal teve um aumento
significativo [na região]", afirmou Castro.
Vazamento
Nas redes sociais, neste domingo (14),
criminosos usaram as redes sociais para alertar sobre a operação desta segunda.
"Papo de intervenção na CDD. Que Deus
proteja nós. Que Deus guarde nós. Que Deus livre nós dê toda maldade. Cris é
nós", escreveu um deles.
"O Bope, a polícia vai ficar ocupando a
favela por vários dias", disse uma moradora em um áudio.
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