Mesmo defendendo a autonomia do Banco Central, o presidente do Senado,
Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou nesta terça-feira (9) que o tema precisa ser
debatido com mais "cautela" no Congresso, citando críticas que o presidente da
República, Luiz Inácio Lula da Silva, tem feito em relação à classificação da
instituição monetária. A autonomia financeira e administrativa do BC está sendo
discutida por meio de uma PEC (proposta de emenda à Constituição) na Comissão
de Constituição e Justiça.
A desaceleração da discussão ocorre após pedido do Sindicato Nacional
dos Funcionários do Banco Central. Segundo Pacheco, seria necessário ter "um
pouco mais de cautela e prudência em relação a esse tema, ampliando o tema para
servidores do Banco Central, agentes regulados pelo BC e o próprio governo
federal". Para ele, o "mérito é razoável", mas com as devidas análises da
"circunstância do momento", o que também demandaria uma análise da opinião
social.
Desde 2021, o Banco Central já possui autonomia operacional. Agora, a
PEC quer ampliar essa configuração para os campos financeiro e administrativo.
Para Pacheco, a atual situação da instituição continua sendo discutida pela
própria sociedade "que não conseguiu se decidir, aferir, se autonomia foi
positiva, se gerou bons frutos".
Lula, por outro lado, é crítico à autonomia do BC. Segundo ele, quem
quer essa configuração é o mercado e não a população. "O que não pode é ter um
Banco Central que não está combinando adequadamente com aquilo que é o desejo
da nação. Nós não precisamos ter política de juros alto nesse momento. A taxa
Selic está exagerada. A inflação está controlada", disse Lula, em 1º de julho.
No mês passado, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central
decidiu interromper o ciclo de cortes da taxa básica de juros iniciado em
agosto do ano passado e manteve a Selic em 10,5% ao ano. A decisão unânime veio
alinhada às expectativas do mercado, que esperava a manutenção da taxa, devido
aos juros nos Estados Unidos, à inflação e ao aumento da percepção de risco
fiscal no Brasil.
Fonte: agoranoticiasbrasil.com.br/