Em uma tenda improvisada, o presidente Luiz InĂĄcio Lula da Silva (PT)
participou nesta sexta-feira (5), da inauguração do novo câmpus da Universidade
Federal de São Paulo (Unifesp), na cidade de Osasco. A obra, no entanto, que jĂĄ
consumiu investimentos de mais de R$ 900 milhões, não estĂĄ concluída e o
petista foi cobrado por uma aluna do terceiro ano do curso de Direito, Jamile
Fernandes, pelo empreendimento inconcluso.
Conforme a aluna, a inauguração desta sexta contemplava apenas metade do
projeto.
– A obra não estĂĄ concluída. O que estĂĄ sendo inaugurada hoje [sexta] é
apenas metade da obra. Faltam moradias estudantis, restaurante e auditórios. A
universidade não é verdadeiramente nossa, do corpo discente apenas 8% são de
alunos negros. Temos de trabalhar com a realidade – disse Jamile.
A construção dessa unidade havia sido prometida pelo próprio petista em
2008, mas só agora as obras principais estão concluídas. Os cursos do câmpus de
Osasco começaram a funcionar em 2011, em um prédio cedido pela prefeitura da
cidade. Agora ficaram prontos os edifícios acadĂȘmico e administrativo da Escola
Paulista de Política, Economia e Negócios (Eppen) do novo câmpus, em Quitaúna,
mas ainda falta a conclusão da biblioteca.
REUNI
A pedra fundamental dessa unidade foi colocada por Lula no terreno em 2008,
quando ganhava força um programa de expansão da rede federal de ensino
superior, o Reuni. No seu segundo mandato, as unidades federais cresceram e se
interiorizaram.
Essa ampliação, no entanto, sofreu críticas, incluindo de parte dos
professores e alunos, pelas restrições de estrutura e por atrasos em obras. A
Unifesp foi uma das instituições que se expandiram, com a criação de unidades
em mais cidades, como Guarulhos e Diadema, e na Baixada Santista.
O contrato para o câmpus Quitaúna foi assinado apenas em 2016, com prazo
previsto para a construção do prédio de 18 meses. As obras, porém, duraram oito
anos.
No total, o projeto custou R$ 102 milhões. O espaço atenderĂĄ 1,4 mil
alunos, com salas de aula, auditórios, restaurante universitĂĄrio, laboratórios,
entre outras estruturas acadĂȘmicas e estudantis. A biblioteca, cuja construção
começou em 2022, deve ficar pronta só no ano que vem.
RESPOSTA DE HADDAD
Em sua breve fala durante o evento, o ex-ministro da Educação e atual titular
da Fazenda, Fernando Haddad, rebateu a cobrança da aluna da Unifesp, alegando
que a construção de universidades não tem fim.
– A USP (Universidade de São Paulo) até hoje estĂĄ sendo construída,
prédios estão sendo construídos e professores sendo contratados – disse Haddad
se dirigindo à aluna. Ele fez um relato sobre a implantação de universidades
federais em São Paulo, estado que jĂĄ era bem servido por universidades e
faculdades, durante os governos do PT.
– O presidente Lula me disse que era importante a presença de
universidades federais em São Paulo porque São Paulo não tinha o sentimento de
pertencimento. Aqui só se falava em Rodoanel, que até hoje não estĂĄ concluído,
apesar dos recursos enviados pelo governo federal – declarou o ministro.
Nas redes sociais, Lula criticou os governantes que lhe sucederam e
atribuiu a demora das obras a "irresponsabilidades" e "falta de vontade". Entre
os presidentes desse período, estĂĄ sua sucessora e aliada petista, Dilma
Rousseff.
"APORTE"
Em nota, a Unifesp informou que nos anos seguintes a 2016 "houve aporte de
recursos pontuais sobretudo de emenda de bancada e emendas individuais, o que
possibilitou que a obra não parasse, mesmo no período de pandemia".
Em 2023, conforme a instituição, o Ministério da Educação (MEC) anunciou
o recurso de R$ 18 milhões para a obra, "o que possibilitou a finalização dos
edifícios acadĂȘmico e administrativo do câmpus Osasco da Unifesp".
Procurado pela reportagem, o MEC não havia se manifestado até a
publicação deste texto. O espaço segue aberto.
Fonte: *AE