Os petistas disseram que a administração federal tem priorizado o centrão
Parlamentares do Partido dos Trabalhadores (PT) expressaram insatisfação, em um grupo de WhatsApp, em relação ao tratamento do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O jornal O Estado de S. Paulo divulgou essa informação na quarta-feira, 29.

Os deputados do PT afirmaram que a administração federal presta mais atenção ao "centrão", mesmo quando este grupo provoca derrotas ao governo no Congresso. Este bloco tem controle sobre 11 dos 38 ministérios.

"Será que o massacre ontem vai fazer o governo começar a montar um time de apoio?", perguntou um deputado, cujo nome não foi divulgado. "Ou seguirá com a regra de tratar mal quem vota a favor e tratar bem quem vota contra?"

O desapontamento dos membros do PT foi revelado em mensagens às quais o Estadão conseguiu acesso. Um parlamentar afirmou: "Nunca vi um governo tratar melhor quem vota contra o governo", disse um parlamentar. "Nem na época da Dilma aconteceu isto."

O descontentamento aumentou após a Câmara sustentar o veto do ex-presidente Jair Bolsonaro, que impediu a implementação do crime de propagação de "fake news" durante a época eleitoral.

O crescimento das derrotas nas votações intensificou a crise interna no PT. Os parlamentares estão preocupados com a possibilidade de uma repetição da instabilidade política que resultou no impeachment de Dilma Rousseff em 2016.

"As derrotas de ontem não acendem só um alerta na Câmara", escreveu um parlamentar, depois de sessão do Congresso Nacional. "Transbordam para a rua, com um número grande de greves e paralisações no serviço público. O clima de insatisfação contamina a sociedade. Vivemos isso em 2014. É a história se repetindo? Com a extrema direita organizada? É preciso enfrentar enquanto é possível. A questão não é econômica. É política."

A tentativa de impedir a derrubada do veto do presidente Lula à "saidinha", a saída temporária de presos, era vista como um ponto de honra para o PT. Para barrar a anulação, o governo procurou mobilizar ministros, como Ricardo Lewandowski (Justiça) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais), mas a tentativa não foi bem-sucedida.

Os parlamentares também demonstraram apreensão quanto ao efeito das perdas nas eleições municipais do presente ano. Um congressista redigiu: "Estou vendo uma base falsa, sem nenhuma centralização dos líderes e ministros", escreveu um parlamentar. "Vamos perder feio nas eleições municipais se não mudarem a estratégia."

Parlamentares do PT Buscam Audiência com Lula
Foi feito um pedido para que Lula escute as reclamações dos parlamentares. "Lula tem de ouvir a bancada ou pediremos uma audiência na tribuna", disse um deputado. "Se ficarmos quietinhos não seremos ouvidos, até porque tem um bando de puxa-saco que dificulta a nossa aproximação. Falo enquanto bancada."

A sugestão contida na mensagem era: "Governo precisa seguir o que diz a Bíblia: "Toda árvore que não dá bons frutos, corta-se e lança no fogo"."

Após a sessão do Congresso, membros do PT apontaram o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), como responsável pela derrota e desarticulação. No entanto, o parlamentar não planeja assumir toda a culpa.

As queixas dos parlamentares vêm desde o início do governo. Em setembro, áudios revelaram que deputados da base agrária do PT criticaram o ministro das Relações Institucionais por seu poder excessivo. Eles também mencionaram que o ministro da Casa Civil, Rui Costa, não os atende, enquanto o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, "tem de ter mais humildade". Todos são petistas.

Fonte: As informações são da Revista Oeste.