Com seus ministros divididos sobre o
tema, o Tribunal de Contas da União (TCU) adiou o julgamento de uma
representação que pode obrigar o presidente Lula a devolver um relógio de luxo
da marca Piaget, que recebeu em 2005 do ex-presidente francês Jacques Chirac.
A análise do caso estava prevista
para a sessão plenária do tribunal na quarta-feira (29), mas foi adiada por 60
dias a pedido do ministro Jorge Oliveira, que está viajando. Jorge, um
bolsonarista, solicitou o adiamento.
A representação foi protocolada pelo
deputado federal bolsonarista Sanderson (PL-RS) e pede que o TCU determine,
liminarmente, que Lula devolva o relógio, avaliado em cerca de R$ 80 mil.
Segundo ministros da Corte de Contas ouvidos pela coluna, o plenário está
dividido sobre a questão. No entanto, a cúpula do tribunal diz que a tendência
é que o TCU mande Lula devolver o presente.
"Pau que dá em Chico, dá em
Francisco", disse, sob reserva, um influente ministro do tribunal, lembrando
que o tribunal já mandou Jair Bolsonaro devolver presentes de luxo que recebeu
quando era presidente. Caso o TCU obrigue Lula a devolver o relógio Piaget, o
plenário estará indo contra a recomendação recente da área técnica da Corte de
Contas.
Em maio, um parecer elaborado pela
Unidade de Auditoria Especializada em Governança e Inovação (AudGovernança) do
TCU defendeu que Lula poderia ficar com outro relógio de luxo: um Cartier.
Segundo o parecer, presentes de alto valor, mesmo que considerados itens
personalíssimos, devem ser devolvidos à União. No caso de Lula, porém, a
avaliação foi de que o entendimento não pode ser aplicado de forma retroativa.
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