O Exército da Coreia do Sul informou, nesta quarta-feira (29), que foram detectados mais de 200 balões enviados pela Coreia do Norte cheios de lixo e fezes, poucos dias depois de Pyongyang ter ameaçado responder ao envio de propaganda contrária ao regime por parte de ativistas sul-coreanos.
Trata-se do maior número de balões desse tipo detectados até hoje, sendo que remessas semelhantes foram enviadas pelo Norte através da fronteira em 2016 e 2018.
Os balões começaram a ser detectados na noite desta terça-feira (28), quando o Exército começou a monitorar objetos voadores não identificados nas áreas fronteiriças das províncias sul-coreanas de Gyeonggi e Gangwon, segundo detalhou o Estado-Maior Conjunto (JCS).
Muitos dos balões ainda não caíram, mas aqueles que caíram contêm "lixo e fezes", de acordo com um comunicado do JCS, que descobriu o que acredita serem temporizadores embutidos nos balões para fazê-los estourar.
Os balões caíram até agora em diferentes cidades de Gyeonggi e Gangwon, mas também no distrito de Guro, em Seul, ou na província central de Chungcheong do Sul, áreas mais distantes da fronteira intercoreana.
Um deles foi encontrado no condado de Geochang, que fica a 218 quilômetros ao sul de Seul e a cerca de 295 quilômetros da fronteira.
O Exército sul-coreano aconselhou os moradores dessas áreas a não tocarem nos balões ou em seu conteúdo e a informarem as autoridades militares ou policiais quando os encontrarem.
Até o momento, foram relatados danos a uma estufa em Yeongcheon, a cerca de 250 quilômetros da divisão.
HISTÓRICO
Em 2016, balões enviados pelo Norte causaram danos a um teto e a um veículo na Coreia do Sul.
Durante anos, organizações de direitos humanos na Coreia do Sul – lideradas principalmente por desertores norte-coreanos – enviaram panfletos contrários ao regime de Pyongyang em balões.
No domingo passado, o vice-ministro da Defesa Nacional da Coreia do Norte, Kim Kang-il, publicou um comunicado divulgado pela agência de notícias "KCNA" no qual denunciava os recentes envios de balões por parte de ativistas e assegurava que seriam respondidos com "ações de olho por olho".
– Montes de papel usado e resíduos serão em breve espalhados pelas áreas fronteiriças e no interior da República da Coreia (nome oficial do Sul) e vocês experimentarão em primeira mão quanto esforço é necessário para limpá-los – advertiu o texto.
As duas Coreias continuam tecnicamente em guerra, uma vez que o conflito que as confrontou entre 1950 e 1953 foi encerrado com um cessar-fogo e não com um tratado de paz.
No início do ano, o líder norte-coreano Kim Jong-un declarou a Coreia do Sul o principal inimigo nacional e retirou da Constituição o objetivo da reunificação.
Desde então, o regime, que há anos se recusa a retomar o diálogo sobre o desarmamento, eliminou uma infinidade de elementos simbólicos do país que defendiam a necessidade de buscar a reunificação pacífica, o que indica uma importante guinada diplomática que também foi acompanhada por uma intensa reaproximação com a Rússia no último ano.
*EFE