O ministro da Defesa de Lula, José Múcio (foto), viajou ao Paraguai na quinta-feira, 2, para uma viagem de um dia a Assunção. No roteiro do bate-volta, esteve uma reunião com o presidente paraguaio, Santi Peña, envolvendo a venda de aeronaves Embraer A-29 Super Tucano ao país vizinho—assim como possível financiamento do BNDES para a aquisição.
A agenda estava presente apenas na plataforma de agendas do governo federal, sem a descrição sobre do que se tratava. O Ministério da Defesa também não se manifestou em seus veículos de comunicação sobre a viagem — que ocorreu com o presidente da Embraer, Francisco Gomes Neto, e a cúpula da pasta. Foi um despacho de Lula publicado nesta segunda-feira, 6, no Diário Oficial da União, que tornou público o tema da viagem.
Não há impedimentos legais para que um ministro de Estado faça este tipo de viagem a negócios em nome da empresa. Há, dentro do Ministério da Defesa, um setor estruturado apenas para a venda de produtos bélicos.
O Paraguai tem uma frota pequena de aeronaves em sua Força Aérea, com apenas seis Embraer Tucano como aeronaves de ataque. Desenvolvidos na década de 1970, eles voaram pela primeira vez em 1980, mas já foram superados tecnologicamente pelo Super Tucano, que voam desde 1999 com maior velocidade, potência e alcance que sua geração anterior.
"O Embraer EMB-314 (A-29) Super Tucano é uma aeronave leve de ataque e treinamento. É uma aeronave excelente para missões de patrulhamento do espaço aéreo", explica Paulo Roberto da Silva Gomes Filho. Mestre em Ciências Militares pela ECEME. "Sua aquisição pela Força Aérea do Paraguai poderia auxiliar, inclusive, no combate ao tráfego aéreo irregular que serve ao tráfico internacional de drogas na região."
Além do tráfico de drogas do Primeiro Comando da Capital (PCC) e do Comando Vermelho (CV), que usam do país como plantação de maconha e rota de escoamento da cocaína, o país conta com outros tipos de pequenas ameaças.
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