O Ministério da Justiça e Segurança Pública colocou sob sigilo os números de
fugas registradas nos presídios brasileiros no ano passado. A pasta, embora
tenha os dados à disposição, alega que se trata de uma informação de caráter
"reservado" e que, portanto, ficará em sigilo pelo prazo de cinco anos.
O Metrópoles requisitou os dados via Lei de Acesso à Informação (LAI),
mas teve acesso negado. A negativa ocorreu em todas as instâncias da pasta,
tendo sido referendada pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo
Lewandowski.
A Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senapen), que é vinculada ao
MJ, alega que a exposição das informações poderia "pôr em risco a vida, a
segurança ou a saúde da população", além de "pôr em risco a segurança de
instituições ou de altas autoridades nacionais ou estrangeiras e seus
familiares".
A cada semestre, a Senapen reúne e divulga dados sobre os presídios
brasileiros. As estatísticas provêm das respostas ao Formulário de Informações
Prisionais. O preenchimento é feito no Sistema Nacional de Informações Penais
(Sisdepen) por servidores indicados pelas secretarias de Administração
Prisional de todos os estados e do Distrito Federal.
A reportagem constatou que, ao menos nas duas últimas edições, o
formulário incluiu pergunta relacionada ao número de fugas registradas em cada
unidade prisional, e por isso solicitou os dados ao MJ.
As fugas de detentos de prisões brasileiras ganharam projeção nacional,
no início deste ano, após dois presos escaparem da Penitenciária Federal de
Mossoró, no Rio Grande do Norte. Deibson Cabral Nascimento e Rogério da Silva
Mendonça fugiram por mais de 50 dias, até serem recapturados a cerca de 1,6 mil
quilômetros da unidade prisional.
Os criminosos, que são integrantes da facção Comando Vermelho (CV),
fugiram por um buraco na parede de uma das celas e utilizaram ferramentas da
obra que ocorria na unidade prisional.
A fuga representou a primeira crise desde que o ministro Ricardo
Lewandowski tomou posse no Ministério da Justiça e Segurança Pública. O
ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF) está no comando da pasta
desde o início de fevereiro, quando assumiu o posto que era por Flávio Dino.
Fonte: Por Metrópoles