Em reação às invasões de terra promovidas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) desde a semana passada, quando começou o chamado Abril Vermelho, a presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, Caroline De Toni (PL-SC), colocou na pauta do colegiado projetos contra o MST. Os textos serão analisados nesta terça-feira (16).
Um dos projetos propõe que o dono de uma terra invadida possa pedir auxílio de força policial sem precisar recorrer de ordem judicial, bastando apenas apresentar a escritura do imóvel. O outro texto exige que movimentos sociais devam ter personalidade jurídica para regular o seu funcionamento.
Essa última proposta foi promovida por integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do MST, realizada em 2023, da qual De Toni foi integrante. O projeto de lei mira diretamente o MST, que não tem CNPJ. Caso assim tivesse, projetam os autores do texto, o movimento poderia ser responsabilizado civil e penalmente.
Diferentemente do primeiro caso, esse projeto tem carĂĄter terminativo, ou seja, poderĂĄ ir diretamente ao Senado após a anĂĄlise da CCJ, sem necessariamente passar pelo plenĂĄrio da Câmara, o que acelera a aprovação da proposta.
A própria deputada prometeu, em março, que colocaria em votação na CCJ projetos contra o MST caso houvesse invasão de terras durante o Abril Vermelho.
– O MST falou que vai ter Abril Vermelho. Uma das respostas que a gente pode ter é com o parlamento pautando projetos para endurecer penas às invasões ou minorar danos aos proprietĂĄrios legítimos – afirmou a presidente da CCJ.
O Abril Vermelho refere-se a uma parte da Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma AgrĂĄria, que ocorre sempre neste mĂȘs, em memória ao ocorrido em Eldorado dos CarajĂĄs, no ParĂĄ, em 1996. No episódio, 21 pessoas ligadas ao MST foram mortas pela Polícia Militar.
Neste ano, o MST anunciou que ocupou territórios rurais nos estados de CearĂĄ, GoiĂĄs, São Paulo, ParĂĄ, Rio de Janeiro e Distrito Federal nesta segunda (15). Outras duas ĂĄreas foram invadidas, neste domingo (14), em Petrolina (PE) e uma terra foi ocupada na semana passada em Itabela, no extremo sul da Bahia.
A Frente Parlamentar da AgropecuĂĄria (FPA) articulou para enfraquecer o MST no ano passado, após a retomada das invasões a propriedades rurais em grande número. Foi a ação do grupo que assegurou a criação da CPI do MST e da Frente Parlamentar Invasão Zero.
Integrantes da bancada pretendem manter ações contra o MST. No dia 24 de abril, o grupo farĂĄ uma sessão em homenagem ao dia mundial da agricultura na Câmara. A previsão é que haja um ato em defesa do agronegócio e contra as invasões.
Fonte: *AE