Enraizadas em vĂĄrias regiões administrativas da capital da República, células da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) são alvo de operação da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) nas primeiras horas desta segunda-feira (29/5). Investigado desde 2018, um núcleo familiar que integra a organização chegou a tramar o sequestro de familiares da juíza titular da Vara de Execuções Penais (VEP-DF), Leila Cury.
A Operação SicĂĄrio cumpre 12 mandados de busca e apreensão, em Brazlândia, em Samambaia, no Riacho Fundo e em Monte Alto (GO), além de 12 ordens de prisão. Entre os alvos, hĂĄ 11 integrantes do PCC e um do Comando Vermelho (CV). Alguns deles haviam sido condenados e cumprem pena no complexo penitenciĂĄrio da Papuda.
Um deles é Walter Pereira de Lima Júnior, conhecido como "Waltinho". Atualmente, o criminoso estĂĄ na PenitenciĂĄria do Distrito Federal (PDF) I, após receber sentença de 58 anos de prisão. Ele foi condenado em 2015, por participar de, ao menos, 22 explosões de caixas eletrônicos na capital do país.
Veja imagens da Operação SicĂĄrio:
Em setembro de 2018, autoridades interceptaram uma carta assinada por Walter. No manuscrito, havia informações e orientações no sentido de sequestrar um integrante da família da juíza Leila Cury, na tentativa de coagi-la a expedir alvarĂĄs de soltura de presos ligados ao PCC.
As buscas nos presídios foram cumpridas com apoio da Polícia Penal do Distrito Federal, tanto na Papuda quanto no Presídio Feminino, no Gama.
Conduzidas pela 18ÂȘ Delegacia de Polícia (Brazlândia), as investigações começaram hĂĄ dois meses, com a prisão de um integrante do PCC responsĂĄvel pelo recrutamento de novos faccionados. O alvo na ocasião é o filho de Waltinho, identificado como Gabriel dos Santos Lima. À época, as equipes interceptaram ordens de ataque às forças de segurança e à população de Brazlândia.
Após passar pelo "batismo" da facção, o filho de Waltinho teve a missão de "elevar" o nome do PCC na região administrativa e cometer uma série de crimes. Em trocas de mensagens, obtidas pela coluna Na Mira, o faccionado comenta com a companheira dele que havia acabado de entrar para a maior facção criminosa do país: "Agr eu tenho que batiza os cara meu pai me colocou ne uma facção ak mais n fala pra ninguém n [sic]".
Em seguida, o criminoso, na mesma conversa, faz ameaças à população de Brazlândia e às polícias: "Nois vai taça fogo nos ônibus e nas viaturas [sic]". O diĂĄlogo continuou, e Gabriel disse: "Oxi vai ser uma facção tenebrosa Aí nois vai manda mata os cara do comboio do cão jĂĄ [sic]". A mensagem era uma ameaça a outra facção criminosa, o Comboio do Cão.
O filho de Waltinho e a companheira dele, Grasielly dos Santos Lima, haviam sido presos na primeira fase da Operação SicĂĄrio, em 15 de março último. Na ocasião, Gabriel foi detido em Brazlândia, na Quadra 35 da Vila São José, e a investigada, na QR 512 de Samambaia Sul.
Na casa de Grasielly, a polícia encontrou uma pistola calibre 380, além de porções de maconha e cocaína. Na de Gabriel, porções das mesmas drogas, prontas para o varejo.
As investigações da 18ÂȘ DP revelaram que o objetivo do PCC era gerar pânico na cidade, não apenas por meio do recrutamento de integrantes, mas também de ataques contra grupos rivais, policiais e a população. Nos recados transmitidos pela facção captados pela polícia, os recrutados deveriam retomar as "guerras de sangue" da cidade.
A 18ÂȘ DP pediu o compartilhamento com a VEP dos elementos colhidos, para inclusão do pai do preso no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD).
"HĂĄ 10 anos, criminosos de Brazlândia matavam uns aos outros em disputas de bairro, chamadas "guerras de sangue". Atualmente, alguns se filiaram ao Comando Vermelho e ao PCC, buscando maior lucratividade na venda de drogas. Cabe à Polícia Civil a identificação e a responsabilização dos faccionados, para restabelecimento da ordem pública", afirmou Fernando Cocito, delegado-chefe da 18ÂȘ DP.
Fonte: Metropoles