De acordo com o Poder 360, a "Verborragia" do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT) em seus discursos tem causado desconforto entre seus conselheiros.
Em diversas situações, o presidente tem se desviado da estratégia de
comunicação previamente acordada com seu time, resultando em declarações que
recebem mais atenção do que os assuntos governamentais.
A equipe considera Lula "incontrolável" e, mesmo se ele desviar do
planejado, raramente é possível repreendê-lo. Entre os 38 ministros, somente
Luiz Marinho, que tem um extenso histórico de relacionamento com Lula desde os
tempos de sindicalismo em São Bernardo do Campo (SP), tem a liberdade de se
referir ao presidente pelo seu nome.
A distância do presidente impede que os conselheiros comuniquem suas
opiniões a Lula. Portanto, as inquietações são transmitidas de forma cautelosa
e em diálogos amistosos.
O presidente Lula já expressou publicamente suas críticas à comunicação
de seu governo, atribuindo as dificuldades a falhas estratégicas de sua equipe,
o que tem influenciado sua popularidade. Conforme uma pesquisa divulgada pelo
PoderData em 27 de março, 47% dos brasileiros aprovam o governo Lula, enquanto
45% o desaprovam. Os índices têm variado negativamente para o presidente desde
o começo de seu mandato, que já tem 15 meses.
Durante a celebração de 44 anos do Partido dos Trabalhadores, que ocorreu
em Brasília no dia 20 de março, Lula confessou que frequentemente tem
dificuldade em se conter. "Quando eu vejo um microfone, me dá coceira nos
dentes", expressou ao subir no palco. Ele havia assegurado para a
primeira-dama, Janja Lula da Silva, e diversos assessores que não faria
discurso na ocasião, porém acabou não mantendo a palavra.
Lula, ao discursar, condenou a ação da Justiça de Barcelona, Espanha,
que concedeu liberdade sob fiança de 1 milhão (aproximadamente R$ 5,4
milhões) ao ex-jogador de futebol Daniel Alves. Este foi sentenciado a 4 anos e
6 meses de prisão por violência sexual contra uma mulher de 23 anos em 2022
numa casa noturna em Barcelona. O veredito foi proclamado em 22 de fevereiro,
depois do julgamento ser finalizado em 7 de fevereiro de 2024.
Ministros consideraram a declaração como desastrosa, já que o
envolvimento do presidente no caso não era necessário. Adicionalmente, apesar
da decisão não agradar ao presidente, ela se encontra dentro dos limites legais
estabelecidos pela Justiça espanhola.
Durante a reunião ministerial ocorrida no dia 18 de março, os ministros
residentes no Palácio do Planalto concordaram que o presidente faria uma
declaração inicial simples para dar início à reunião. Contudo, Lula, ao iniciar
a reunião, desviou-se do planejado e proferiu um discurso ardente.
A apresentação do ministro da Casa Civil, Rui Costa, que incluía um
documento de 48 slides evidenciando o crescimento dos benefícios do Bolsa
Família, a diminuição do desemprego e o aumento do salário mínimo, foi ofuscada
pela declaração. Quase não houve eco nas redes sociais dos resultados positivos
apresentados pelo ministro da Casa Civil, visto que o foco estava direcionado à
referência de Lula a Bolsonaro, a quem se referiu como "covardão".
Durante sua visita ao Egito e à Etiópia em fevereiro, Lula fez uma
comparação entre a ação militar de Israel na Faixa de Gaza e o genocídio de
judeus perpetrado por Adolf Hitler na Alemanha nazista. Essa declaração recebeu
críticas severas de líderes judeus, destacando-se entre eles o ministro das
Relações Exteriores, Israel Katz.
Uma pesquisa de avaliação do governo realizada pela Genial/Quaest no dia
6 de março revelou que 60% dos brasileiros acreditam que Lula "exagerou" ao
fazer uma comparação. O governo admitiu que essa declaração afetou
negativamente a popularidade do presidente.
Fonte: agoranoticiasbrasil.com.br