A Argentina confirmou, nesta
terça-feira (26), que está dando asilo a líderes políticos da oposição na
residência oficial de sua embaixada em Caracas e manifestou "preocupação" com o
corte no fornecimento elétrico da sede diplomática na última segunda (25).
Em comunicado, a Casa Rosada advertiu
ao governo da Venezuela "sobre qualquer ação deliberada que ponha em perigo a
segurança da equipe diplomática argentina e dos cidadãos venezuelanos sob
proteção".
O governo argentino também lembrou que
é obrigação do Estado receptor de missões diplomáticas salvaguardá-las de
"invasões ou danos e preservar a tranquilidade e dignidade da mesma".
Fontes do governo argentino confirmaram
à CNN que estão dando asilo a seis opositores que têm mandado de prisão.
"São dirigentes perseguidos que
precisavam de proteção", explicaram. "Não somos um foco opositor em Caracas,
somente estamos atuando em exercício efetivo de proteção dos direitos humanos",
esclareceram.
O texto do comunicado, emitido pelo
escritório do presidente Javier Milei, explica que o acolhimento dos opositores
foi concedido sob o respaldo da inviolabilidade garantida pela Convenção de
Viena sobre as Relações Diplomáticas, da qual ambos os países são signatários.
O comunicado argentino também "expressa
sua inquietude diante da deterioração da situação institucional e atos de
intimidação e perseguição contra figuras políticas da Venezuela".
No texto, ainda há um pedido de Milei
para que o presidente Nicolás Maduro "garanta a segurança e bem-estar do povo
venezuelano e convoque eleições transparentes, livres, democráticas e competitivas,
sem proscrições de nenhum tipo".
Diversos mandados de prisão foram
emitidos nas últimas semanas pelo Ministério Público da Venezuela após a
denúncia de supostos planos de conspiração contra Maduro e o governador do
estado de Táchira, Freddy Bernal.
Entre os presos, estão sete integrantes
do movimento político Vente, de María Corina Machado. Outros sete colaboradores
da líder opositora estão com mandado de prisão.
A Argentina está sem embaixador em
Caracas desde o início do governo Milei, que disse que não se relacionaria com
comunistas.
A tensão entre os países escalou desde
fevereiro, quando uma aeronave venezuelana que estava retida no Aeroporto
Internacional de Ezeiza, na Grande Buenos Aires, foi confiscada e entregue aos
Estados Unidos. Caracas qualificou a ação como um "roubo descarado".
Em represália, a Venezuela proibiu que
aeronaves argentinas sobrevoassem seu espaço aéreo.
O porta-voz da presidência argentina,
Manuel Adorni, chamou os governantes chavistas de "amigos do terrorismo" e o
chanceler venezuelano, Yván Gil, chamou o governo Milei de "neonazista", além
de "submisso e obediente ao seu amo imperial", em referência à atual relação
argentina com os Estados Unidos.
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