O Brasil tem enfrentado ondas de calor intensas, desde o ano passado, com
temperaturas próximas aos 40ºC. Em meio aos termômetros nas alturas, neste
sábado (16/3) é comemorado o Dia Nacional da Conscientização sobre Mudanças
Climáticas e especialistas alertam para a necessidade de adaptação climática
das grandes cidades.
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu alerta vermelho de
grande perigo para cinco estados devido a onda de calor que afeta as regiões
Sul, Sudeste e parte do Centro-Oeste. As temperaturas no Mato Grosso do Sul,
Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo podem ficar 5ºC acima da
média para o período.
Com menos intensidade, mas ainda sob alerta amarelo e laranja para onda
de calor, Goiás, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio
de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo também podem registrar temperaturas 5ºC
acima do habitual.
Essas ondas de calor marcam o fim do verão, que termina na próxima
quinta-feira (20/3), e o começo no outono. A estação mais quente do ano fecha
com as temperaturas nas alturas e chuvas intensas em diferentes regiões.
Os mesmos estados podem registrar alertas diferentes de onda de calor,
visto o tamanho do seu território e a diferença da pressão atmosférica em cada
cidade, como é o caso de São Paulo e Mato Grosso do Sul.
Ana Lúcia Frony, meteorologista, sócio-fundadora do Climate Change
Channel e ex vice-presidente da Climatempo, afirma que não tem como deixar de
lado o que está acontecendo os impactos das mudanças climáticas. Para ela,
passou da hora dos governantes agirem para adaptação para evitar uma
consequência mais grave tanto para as pessoas, como para a economia.
"Elas têm sido cada vez mais frequentes e já não dá mais para "fazer de
conta" que é por acaso. O maior impacto é sobre a saúde das pessoas, mas em
breve falarão em quebras de safras impactando nossa economia, com inflação dos
alimentos e a queda na balança comercial. Não será possível negar que estas
mudanças precisam ser enfrentadas", ressalta Ana Frony.
Ao longo do ano passado o Brasil sofreu com extremos climáticos.
Enquanto o Norte passava por uma seca histórica, o Sul era atingido por chuvas
torrenciais e ciclones extratropicais. Ambos os eventos tiveram como vítima a
população, principalmente aquela em situação de vulnerabilidade social.
"A gente realmente precisa agir, a gente precisa agir para que a gente
possa ter cidades mais adaptadas, para que a população não sofra tanto esses
impactos de eventos que estão ficando cada vez mais intensos e mais
frequentes", salienta Juliana Baladelli.
Dessa forma, o Dia Nacional da Conscientização sobre Mudanças Climáticas
relembra a necessidade dos governos, instituições e até os próprios cidadãos de
enfrentar a crise climática com ações concretas de mitigação.
Diante do calor extremo e alagamentos frequentes, as especialistas
ouvidas pelo Metrópoles concordam com a necessidade das cidades em investir em
um forma de adaptação conhecida por todos, que é a construção de áreas verdes,
para que as chuvas sejam capazes de escoar e as árvores possam desempenhar o
seu papel de absorver o calor do Sol.
"A natureza, ela precisa ser parte dessa estratégia de adaptação, porque
ela é uma das únicas estratégias que une adaptação e mitigação ao mesmo tempo",
reitera Juliana Baladelli. "Esse espaço onde essas árvores vão crescer, ele
pode ser adequado para receber o excesso de água de chuva. Então, você
implantar, por exemplo, jardins de chuva, praças úmidas, alguns tipos de
soluções baseadas na natureza podem ajudar cidades a se tornarem mais adaptadas
para esses eventos de chuvas intensas e de ondas de calor."
Ana Lúcia cita também medidas que as populações podem adotar dentro de
suas casas como forma de adaptação às mudanças climáticas, como, por exemplo,
utilizar energia solar para aquecer a água das casas, construções que visem
manter o ambiente fresco. Ela também sugere ações até mesmo para o cotidiano
das pessoas, como o uso de roupas mais leves, de protetor solar, ingestão de
água e dieta mais leve, com frutas e verduras.
"Eu acredito que com a educação, nos termos definidos na BNSS [Base
Nacional Curricular Comum], nós estaríamos mudando o entendimento do problema e
da sua urgência. Além disso, a atuação política é fundamental e urgente. Como
indivíduos, nossa capacidade de alterar o curso das mudanças climáticas é
pequena, porém como país podemos fazer muito e dar mais bons exemplos ao
mundo", complementa a meteorologista.
Onda de calor
O Ministério da Saúde reforça a necessidade de cuidados durante a onda de calor
para evitar insolação, queimadura e desidratação. A pasta destaca que a
população em situação de ruas são as mais vulneráveis, e orienta cuidados
específicos para essas pessoas.
"Os principais sinais de alerta são transpiração excessiva, fraqueza,
tontura, náuseas, dor de cabeça, cãibras musculares e diarreia", pontua o
Ministério da Saúde.
Previsão para as capitais neste sábado
(16/3):
Aracajú (ES): 25ºC / 31ºC
Belém (PA): 24ºC / 33ºC
Belo Horizonte (MG): 19ºC / 35ºC
Boa Vista (RR): 27ºC / 38ºC
Brasília (DF): 20ºC / 31ºC
Campo Grande (MS): 24ºC / 33ºC
Cuiabá (MT): 25ºC / 38ºC
Curitiba (PR): 21ºC / 33ºC
Florianópolis (SC): 23ºC / 31ºC
Fortaleza (CE): 25ºC / 29ºC
Goiânia (GO): 22ºC / 35ºC
João Pessoa (PB): 25ºC / 32ºC
Macapá (AP): 24ºC / 30ºC
Maceió (AL): 25ºC / 33ºC
Manaus (AM): 26ºC / 33ºC
Natal (RN): 25ºC / 30ºC
Palmas (TO): 25ºC / 35ºC
Porto Alegre (RS) 23ºC / 30ºC
Porto Velho (RO): 24ºC / 35ºC
Recife (PE): 26ºC / 31ºC
Rio Branco (AC): 24ºC / 32ºC
Rio de Janeiro (RJ): 24ºC / 39ºC
Salvador (BA): 24ºC / 32ºC
São Luís (MA): 25ºC / 31ºC
São Paulo (SP): 23ºC / 34ºC
Teresina (PI): 23ºC / 32ºC
Vitória (ES): 25ºC / 35ºC
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