Atualmente, o Brasil preside o G20, grupo com as maiores economias
mundiais, e tem proposto a discussão de temas como proteção do meio ambiente e
combate às mudanças climáticas. No entanto, o país tem demonstrado baixo
desempenho no número de fiscalizações devido à paralisação dos servidores do
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama), que pedem uma reestruturação de carreira e reajuste salarial.
O Metrópoles conversou com especialistas que apontaram possíveis complicações
nas negociações internacionais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
caso o número de ações externas do Ibama continuem baixas.
"O ciclo do desmatamento não pode ser avaliado de imediato. Primeiro,
vem a ausência de fiscalização, a sensação de impunidade (com a falta de multas
ou mesmo de cobrança das multas), a demora nos processos de licenciamento. Daí
o ambiente começa a se deteriorar, com os aventureiros e criminosos voltando a
ocupar áreas e a fazer negócios ilegais", destaca Mateus Fernandes, gerente de
Relações Institucionais e Governamentais do Instituto Internacional Arayara.
Marina Silva, ministra do Meio Ambiente, retirou em evento com
empresários no G20 no final de fevereiro, o compromisso do Brasil de zerar o
desmatamento até 2030 e pediu investimento do setor privado para enfrentamento
das mudanças climáticas.
"O Brasil é um país em desenvolvimento que requer muitos investimentos
na parte de infraestrutura. São investimentos que precisam da iniciativa
privada e de recursos de outros países, como os Estados Unidos", disse a
ministra.
A imagem do Brasil como defensor do meio ambiente, agora enfrenta
desafios em meio a questionamentos sobre a coesão das políticas ambientais e a
valorização dos servidores responsáveis pela proteção das florestas, sobretudo
da Amazônia.
"O impacto da imagem no Brasil com o aumento do desmatamento certamente
será negativo. Mas a imagem de um governo que não dá a devida atenção às
condições de trabalho dos agentes dos órgão ambientais também é ruim", defende
Suely Araújo, especialista Sênior em Políticas Públicas do Observatório do
Clima e ex-presidente do Ibama.
De acordo com a Associação Nacional dos Servidores do Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente (Ascema), os atos de infração de 1º de janeiro a 15
de fevereiro de 2024 tiveram uma queda de aproximadamente 70,9% em comparação
com o mesmo período do ano passado, saindo de 2045 para 595, em todo o Brasil.
Apenas na Amazônia Legal, essa redução foi de 83,2%, de 863 nos
primeiros 45 dias de 2023 para 145 no mesmo período deste ano.
"Quando se fala de fiscalização, é preciso lembrar que ela existe porque
há pessoas – físicas e jurídicas – que descumprem a lei, intencionalmente ou
não. Então, não seria estranho dizer que a diminuição da fiscalização poderia
ser benéfica para muitas pessoas – inclusive investidores – que lucram com a
deterioração ambiental e institucional", argumenta Mateus Fernandes.
O presidente Lula tem apresentado a Amazônia como a vitrine do Brasil em
busca de novos investimentos internacionais, não somente no G20. Contudo, o bioma
apresentou números ruins para administração petistas nos primeiros meses de
2024.
A Amazônia registrou número recorde nos focos de queimadas em fevereiro
deste ano. Os dados estão no Monitoramento dos Focos Ativos do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e foram atualizados até 1º de março.
Uma das áreas que estão paralisadas é a de combate a queimadas
florestais da Amazônia. Apesar disso, o Ibama tem 251 combates no bioma e
contrata brigadistas exclusivos para a terra indígena Yanomami, em Roraima.
Negociação
Em 28 de fevereiro aconteceu a 7ª reunião da Mesa Nacional de Negociação
Permanente, entre o governo federal e a bancada sindical. Os funcionários do
Executivo pediram um reajuste salarial de 7%, no entanto, não foram atendidos
pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos.
Em meio a falta de negociação com o governo federal, o Ibama continua
paralisado.
Fonte: agoranoticiasbrasil.com.br