O processo de ratificação de Estocolmo foi finalmente concluído em Washington na quinta-feira (7 de março), quando a Suécia e a Hungria – o último país a ratificar a adesão da Suécia – enviaram os documentos necessários após um processo demorado que levou quase dois anos.
Para a Suécia, marca o fim de uma espera de 20 meses iniciada em maio de 2022, quando enviou seu pedido de adesão junto à Finlândia, motivado pela invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro daquele ano. A Finlândia se tornou o 31º membro da OTAN no ano passado.
A ratificação também marca uma mudança histórica na identidade nacional e internacional da Suécia, afastando-se da neutralidade iniciada no fim da Guerra Fria.
A medida consolida o controle da OTAN sobre a região nórdica, com todos os países agora membros, tornando o Báltico um "mar OTAN" por completo.
O processo foi concluído por volta das 17h30 do horário sueco, quando o primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, e o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, presidiram uma cerimônia na qual o "instrumento de adesão" da Suécia à aliança foi oficialmente depositado no Departamento de Estado americano. "A quem espera, tudo chega. Não há melhor exemplo", disse Blinken.
Com toda a papelada finalizada, a cerimônia oficial de adesão da Suécia à OTAN deve ocorrer dentro de alguns dias.
"Este é um dia histórico. A Suécia agora ocupará seu lugar de direito na mesa da OTAN, com voz igual na formulação fas políticas e decisões da aliança", disse o secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, em um comunicado. "Após mais de 200 anos de não-alinhamento, a Suécia agora desfruta da proteção concedida pelo Artigo 5, a garantia definitiva da liberdade e segurança dos aliados."
O caminho da Suécia para a adesão à OTAN – iniciado sob a ex-primeira-ministra Magdalena Andersson, do Partido Social-Democrata Sueco, e assumido em 2022 por seu sucessor, Kristersson, do Partido Moderado – foi diplomaticamente árduo e demorado.
Primeiro, a Turquia fez múltiplas exigências em relação à posição da Suécia em relação aos membros do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), considerado um grupo terrorista pela Turquia, EUA e UE. Em seguida, o presidente turco, Recep Tayyip Erdo?an, e membros do Congresso dos EUA vincularam o apoio da Turquia à adesão da Suécia à OTAN com a aprovação pelo Congresso da venda de aeronaves Lockheed Martin e kits de modernização de US$ 20 bilhões (£ 15,7 bilhões) para a Turquia.
A Turquia finalmente deu luz verde à Suécia em janeiro, mas a Hungria continuou a se arrastar, muitas vezes dando razões obscuras. Alguns observadores atribuíram o atraso ao primeiro-ministro nacionalista da Hungria, Viktor Orbán, que mantém laços estreitos com o presidente russo, Vladimir Putin. Outros acreditam que tenha mais a ver com o desejo de Orbán de ostentar o poderio militar e econômico da Hungria, especialmente para o público doméstico. O parlamento húngaro finalmente votou "sim" no final do mês passado.
Nos últimos dias, o governo sueco manteve o silêncio sobre o assunto, temendo que a Hungria jogasse uma última pá na areia. Os primeiros sinais claros de que o progresso estava sendo feito vieram na quarta-feira, quando Kristersson e o ministro das Relações Exteriores da Suécia, Tobias Billström, embarcaram em um avião de Estocolmo para Washington.
Na manhã de quinta-feira, a ratificação iminente foi confirmada pela Casa Branca em um anúncio listando Kristersson como convidado da primeira-dama no discurso do Estado da União de Joe Biden.
Gazeta Brasil