O Exército alemão está investigando a suposta escuta de uma conversa entre oficiais de alto escalão da Força Aérea, divulgada na sexta-feira (24/02) pela mídia russa. A gravação levanta a preocupação de que este não seja um caso isolado.
"A Agência para o Serviço de Proteção Militar (BAMAD) tomou todas as medidas necessárias", afirmou uma porta-voz do Ministério da Defesa ao portal T-online.
Ministério alarmado com a possibilidade de espionagem
Segundo fontes do semanário Spiegel, o Ministério está alarmado com a possibilidade de que a conversa gravada seja real e que outras conversas internas das Forças Armadas também tenham sido espionadas.
O canal estatal russo RT (antigo Russia Today) publicou um áudio de cerca de 30 minutos em que supostamente o comandante da Força Aérea alemã, Ingo Gerhartz, conversa com outros oficiais sobre a possibilidade de fornecer mísseis Taurus à Ucrânia.
Os interlocutores discutem as opções técnicas para destruir com este armamento o ponte de Kerch, que liga a península da Crimeia à terra firme, ou depósitos de armas russos, embora reconheçam que não há autorização para tal.
O chanceler alemão, Olaf Scholz, disse que seu país investigará a fundo a aparente filtração da gravação.
"O que está sendo denunciado é um assunto muito sério e por isso agora está sendo investigado com muito cuidado, com muita intensidade e muito rapidamente", afirmou durante uma visita a Roma.
A divulgação da conversa ocorre em um momento delicado para o governo de Scholz, que esta semana causou controvérsia ao negar o envio de mísseis Taurus à Ucrânia sob o risco de se tornar um participante direto no conflito.
Scholz argumentou que Kiev não poderia operar os sistemas sem a ajuda de soldados alemães – o que constitui uma linha vermelha para Berlim -, mas o áudio divulgado pela RT parece contradizer esta afirmação.
De acordo com as fontes do Spiegel, o Ministério da Defesa alemão acredita que o áudio é real e não foi manipulado com ferramentas de inteligência artificial.
Aparentemente, a conversa – que segundo a RT ocorreu em 19 de janeiro – não foi realizada através de uma linha segura, mas sim através da plataforma de videoconferência WebEx, com um dos participantes conectado por telefone celular.
"Se esta história se confirmar, será um evento altamente problemático", declarou o presidente do grupo de controle parlamentar do Bundestag (câmara baixa do Parlamento), o verde Konstantin von Notz.
"Se levanta a questão de se trata-se de um evento único ou de um problema de segurança estrutural. Espero que seja esclarecido com urgência", disse ele ao portal RND na sexta-feira.
Em Moscou, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Maria Zajárova, pediu publicamente explicações à sua colega alemã, Annalena Baerbock, sobre o conteúdo do áudio.
Enquanto isso, o ex-presidente russo Dmitri Medvédev traçou paralelos com a Segunda Guerra Mundial e afirmou que não é possível "reagir diplomaticamente" a uma revelação como esta, encerrando sua mensagem com um apelo à "morte aos ocupantes alemães fascistas".
Nesta semana, Scholz prometeu aos cidadãos alemães que enquanto for chefe de Governo não enviará soldados da Bundeswehr (Forças Armadas) à Ucrânia, após o presidente francês, Emmanuel Macron, ter levantado essa possibilidade na segunda-feira (20/02).
"Não queremos que a guerra da Rússia contra a Ucrânia se torne uma guerra entre a Rússia e a OTAN. Em isso estamos de acordo com todos os nossos aliados", disse ele em um breve vídeo publicado nas redes sociais.
"Isso significa que não haverá participação alemã na guerra. Para ser claro: como chanceler alemão, não enviarei soldados da nossa Bundeswehr à Ucrânia", reforçou
"Isso implica que não haverá participação alemã na guerra. Para dizer de forma clara e inequívoca: como chanceler alemão, não enviarei soldados da nossa Bundeswehr para a Ucrânia", enfatizou. O chanceler afirmou que o que a Ucrânia precisa urgentemente agora são "mais munições e mais armas, especialmente para a defesa aérea", e garantiu que, junto com seus aliados, a Alemanha intensificará seu apoio a Kiev.
(Com informações da EFE)