Barcelona – A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) terá um "sistema
2.0" para remover fake news das redes a partir de decisões do Tribunal Superior
Eleitoral (TSE). Após fechar parceria com a Corte, em dezembro de 2023, a
Anatel agora prepara o sistema que dará cumprimento às decisões judiciais. A
equipe de fiscalização da Anatel, que é a responsável por cumprir as determinações,
se prepara para a total integração do sistema até o período de campanha e das
Eleições 2024.
Em Barcelona para participar do Mobile World Congress, o presidente da
Anatel, Carlos Baigorri, conversou com o Metrópoles. Ele ressaltou que todo o
processo de imprimir papel, enviar por meio de um oficial de Justiça, seguir
todo o trâmite físico, como esperar por uma assinatura, enfrentar trânsito e
outros deixava o processo moroso. Agora, tudo será via sistema, integrado com
as decisões dos juízes e ministros da Corte Eleitoral, de forma eletrônica.
"A Anatel está se preparando para cumprir rapidamente as decisões da
Justiça Eleitoral, com nossa equipe de fiscalização, que é a equipe que dá
cumprimento às decisões judiciais. A gente executa as decisões. E isso, agora
com o sistema, ocorrerá da forma mais rápida possível", disse à reportagem.
"Nossa equipe se prepara para o processo eleitoral", completou Baigorri.
A mudança em execução faz parte de uma acordo assinado por Baigorri e o
presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes. A intenção é que a integração
eletrônica deixe a comunicação mais ágil e eficiente. Em 2022, por exemplo, o
TSE aprovou resolução prevendo que, assim que comunicadas pela Justiça
Eleitoral, as plataformas fizessem imediata remoção das URLs, URIs ou URNs
consideradas irregulares, sob pena de R$ 100 mil por hora após a determinação
de retirada de desinformação das redes. O prazo máximo, às vésperas das
eleições, era de 1 hora.
"O acordo serve justamente para trabalharmos juntos, em parceria, no que
diz respeito ao combate à desinformação e às fake news nos processos
eleitorais. No último ano, nós recebemos diversas determinações e julgamentos
do Tribunal para retirar do ar sites, conteúdos e aplicativos que estavam
disseminando desinformação e colocando em risco o processo eleitoral",
completou Baigorri.
Do papel ao sistema integrado
As determinações, no entanto, embora tivessem prazo curto para serem
cumpridas, eram enviadas por meio de um oficial de Justiça, em papel.
"No sistema do 1.0, o juiz do TSE dá a decisão, imprime num papel,
entrega para um oficial do Justiça, vai para a Anatel, espera ser recebido por
alguém. Essa pessoa pega o papel assina uma cópia e segue o trâmite até a
remoção. Aos fins de semana, isso não funciona, por exemplo, porque ninguém
está lá. O sistema era analógico e agora será integrado: o juiz do TSE vai
apertar um botão, a decisão chega no sistema e será encaminhada aos operadores
para bloquearem", explicou o presidente da Anatel à reportagem do Metrópoles.
Os resultados do sistema deverão ser monitorados tanto pela Anatel
quanto pelo TSE, com representantes institucionais incumbidos de coordenar a
execução do acordo, bem como fornecer informações e orientações para o melhor
desenvolvimento e fiel cumprimento das obrigações de cada um.
Desinformação com uso de inteligência artificial
No ato em que ficou firmada a parceria, Alexandre de Moraes reforçou o que ressaltou
em diversas decisões proferidas em 2022: "O que não pode no mundo real, não
pode no mundo virtual". Moraes ainda lembrou que, para as Eleições de 2024, a
Justiça Eleitoral estará ainda mais atenta ao uso ilegal da inteligência
artificial (IA) por quem usar a desinformação para enganar o eleitor,
desvirtuando o resultado de uma eleição.
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