Cientistas da empresa PorMedTec, da Universidade Meiji (Japão), criaram
pela primeira vez porcos modificados para transplantes de células e órgãos em
humanos. O projeto ocorre em parceira com a empresa de biotecnologia americana
eGenesis.
A equipe que liderou a pesquisa de xenotransplantes – entre espécies
diferentes – informou em um comunicado terem nascido no segundo domingo de
fevereiro três leitões geneticamente modificados especialmente para criar
células e órgãos destinados a transplantes em humanos.
Resposta à escassez
De acordo com a empresa, o Japão sofre com a escassez de doadores de
órgãos e nos últimos anos "apenas cerca de 3% das pessoas que solicitaram um
transplante receberam um", o que "aumenta as expectativas sobre a aplicação
clínica de transplantes de órgãos xenogênicos".
Conforme a versão online do semanário japonês Nikkei Asia, há planos de
realizar a partir de 2025 testes clínicos para transplantes entre espécies de
porcos e humanos, sendo o transplante de rim um dos primeiros objetivos.
"Esperamos aproveitar isso como uma oportunidade para considerar os
desafios do transplante de órgãos humanos", disse em nota o fundador e
cientista-chefe da PorMedTec, Hiroshi Nagashima.
Genes
modificados
Os porcos foram clonados a partir de outro indivíduo desenvolvido pela
eGenesis que teve 10 genes modificados para reduzir o risco de rejeição por um
receptor humano.
A PorMedTec criou os leitões por meio da tecnologia de transferência
nuclear de células somáticas, aquelas responsáveis pelo crescimento dos tecidos
e órgãos nos organismos multicelulares, para criar indivíduos geneticamente
idênticos.
Os óvulos fertilizados foram transplantados para o útero de uma mãe de
aluguel, que deu à luz os três porcos por meio de cesariana. E quando for
confirmado que eles se desenvolvem de forma satisfatória, os animais serão
fornecidos a instituições médicas no Japão para pesquisa clínica.
O próximo passo da equipe de cientistas será iniciar neste ano uma
pesquisa sobre xenotransplante de porcos para macacos, para avançar na solução
da escassez de doadores de órgãos no Japão.
"Com o nascimento de um indivíduo clonado no Japão, há esperança de
aplicação clínica no Japão no futuro", concluiu a PorMedTec no comunicado.
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