Principal crítico do presidente russo, Vladimir Putin, Alexei Navalny
morreu na prisão. A informação foi publicada em diversas agências de notícias
da Rússia, citando o serviço penitenciário do distrito autônomo de
Yamal-Nenets, nesta sexta-feira (16/2).
"O preso A.A.Navalny sentiu-se mal depois de uma caminhada e quase
imediatamente perdeu a consciência na colônia correcional nº 3, em 16 de
fevereiro", escreveu o jornal Moscow Times, afirmando que a informação veio do
serviço penitenciário da Rússia.
Em seu site oficial, o serviço penitenciário afirmou que uma equipe
médica da instituição chegou imediatamente ao local, sendo chamado um outro
grupo de emergência para ajudar.
"Todas as medidas de reanimação necessárias foram realizadas, mas não
produziram resultados positivos. Médicos de emergência confirmaram a morte do
condenado. As causas da morte estão sendo estabelecidas", conclui o texto.
Em dezembro, Navalny ressurgiu após desaparecer por 20 dias. Em uma
publicação no X (antigo Twitter), seus represetantes falaram, de modo
sarcástico, acerca da transferência à colônia prisional "Lobo Polar" (Polar
Wolf), no Ártico.
Na publicação, Navalny brincou com a atual situação dele. "Eu sou o seu
novo Papai Noel." Apesar do tom jocoso, o adversário de Putin descreveu que o
contexto não está nada favorável. "Eu não digo "Ho-ho-ho", mas digo "Oh-oh-oh"
quando olho pela janela, onde posso ver uma noite, depois a noite e depois a
noite de novo", publicou.
Do que Alexei Navalny é acusado
Em agosto de 2023, a Justiça russa condenou Navalny a 19 anos de prisão por
extremismo. Segundo a acusação, ele teria criado uma comunidade extremista e
financiado atividades de mesmo cunho. O opositor de Putin já cumpre penas por
outros delitos, as quais totalizam quase 11 anos. No entanto, ele afirma que as
imputações são forjadas.
O julgamento terminou em junho deste ano, mas a sentença só saiu dois
meses depois. A audiência que determinou a pena ocorreu a portas fechadas na
colônia penal IK-6, em Melekhovo, a aproximadamente cerca de 250 km a leste de
Moscou, onde o ativista estava detido anteriormente.
Durante a sessão, o ativista repudiou a condenação, a qual classificou
como uma prisão perpétua. Ele também enviou mensagem a outros opositores e os
incentivou a ir contra o governo. "Você está sendo forçado a entregar sua
Rússia sem lutar a uma gangue de traidores, ladrões e canalhas que tomaram o
poder. Putin não deveria atingir o seu objetivo. Não perca a vontade de
resistir", declarou.
Além de Navalny, o diretor de tecnologia do canal dele no Youtube,
Daniel Kholodny, recebeu uma condenação de 8 anos por extremismo. Ele
compartilhou uma carta no Telegram, na qual repudiou a pena que sofreu.
"É importante compreender: condenaram-me não por ser extremista, porque
qualquer tolo pode perceber que não houve extremismo, mas para que você fique
horrorizado com o meu destino e não pensasse em lutar", disse.
Preocupação da União Europeia
À época, a União Europeia demonstrou preocupação com o veredito russo,
principalmente por "relatos de repetidos maus-tratos, medidas disciplinares
injustificadas e ilegais e assédio equivalente a tortura física e psicológica
por parte das autoridades prisionais".
Em agosto de 2020, Navalny havia sido transferido para a Alemanha, após
ter sido envenenado com produto chamado Novichok — veneno desenvolvido na União
Soviética, nos anos 1970 e 1980, que provoca o colapso de funções corporais,
convulsões e parada respiratória.
Uma investigação realizada pelo portal de jornalismo investigativo
Bellingcat, em parceria com a CNN, apontou ligação do Serviço de Segurança
Russo (FSB) no envenenamento. A apuração constatou que uma equipe de elite do
serviço acompanhou Navalny em viagens pela Sibéria. Entre os integrantes do
grupo, estavam especialistas em armas químicas.
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