O jovem Zac Brettler, de 19 anos, filmado pulando no Rio Tâmisa em frente ao
prédio do serviço de inteligência britânico, MI6, teve os últimos dias de vida
envoltos em uma névoa de mistério. Depois da morte misteriosa, foi revelado que
o inglês fingia ser da oligarquia russa e era amigo de criminosos e doadores do
Partido Conservador. Em entrevista para a revista New Yorker, publicada nesta
semana, os pais de Zac acusam a polícia local de "culpar" a vítima e pedem
explicações.
ac morreu em 2019, após passar um dia em um apartamento de luxo com
amigos que os pais não conheciam. O casal Rachelle e Matthew Brettler nega à
revista New Yorker que o filho tivesse desejo de se matar, e afirma que a
polícia agiu de forma omissa e incompetente.
No dia da morte, Zac esteve com o gangster Dave Sharma, preso em 2002 em
uma operação contra heroína, e o filho de um doador milionário do Partido
Conservador, Akbar Shamji. Os dois acreditavam que o jovem fosse filho de um
rico oligarca russo, já que foi apresentado a eles por um amigo em comum como
Zac Ismailov — personagem criado por ele.
O encantamento de Zac com a riqueza havia começado anos antes, durante o
tempo em que estudou na Mill Hill School, uma escola interna exclusiva em
Londres com mensalidade de 30 mil libras (cerca de R$ 189 mil) onde estudavam
muitos filhos de oligarcas russos.
Câmeras de segurança e históricos de mensagens confirmaram a presença de
Zac, Sharma e Shamji em um apartamento do prédio de luxo Riverwalk, em Londres,
do qual o jovem se jogou na madrugada de 28 de novembro de 2019.
Aos novos amigos, ele disse que havia herdado uma fortuna do pai, que
teria morrido recentemente. Zac afirmava ainda que a mãe morava em Dubai e
estava bloqueando o acesso ao dinheiro.
Segundo a New Yorker, o interesse de Sharma na suposta riqueza de Zac
aumentou gradativamente, chegando ao ápice no dia da tragédia. Nesta data, o
gangster enviou mensagens de texto a um amigo dizendo que ele estaria
"esquentando facas e limpando sangue" e que as coisas estariam "prestes a dar
errado".
O jovem foi encontrado na calçada em frente ao prédio com a mandíbula
quebrada e ferimentos no quadril. Nesta noite, Zac teria confessado a Sharma
que era dependente químico e usuário de heroína. Não foram encontrados traços
de drogas no seu organismo.
Os pais de Zac afirmam que só souberam da existência das mensagens dois
anos após a morte do filho. Eles também alegam que a polícia não entrevistou
testemunhas-chave para o caso. A polícia só teria visitado o apartamento onde
eles estavam quatro dias depois do incidente, e não teriam feito testes
forenses.
O jornal britânico The Times reportou, na época, que Zac disse que sua
família estaria sendo ameaçada e procurou informações sobre proteção a
testemunhas dias antes de morrer.
Sharma e Shimju foram presos sob suspeita de assassinato, mas liberados
mediante pagamento de fiança. Em 2020, o gangster morreu após uma suposta
overdose de drogas. A polícia alegou tentar "esgotar todas as linhas de
investigação". Até agora, ninguém foi preso.
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