A Arezzo & Co e o Grupo Soma selaram o acordo para formar uma
gigante do varejo de moda. A fusão dos dois negócios formará uma empresa que
pode chegar a R$ 12 bilhões de valor de mercado. A decisão foi tomada neste
domingo, 4.
Fontes ligadas às companhias ouvidas pela reportagem, em condição de
anonimato, contaram que após selar o negócio, as duas empresas decidiram que
anunciarão oficialmente a fusão na manhã de segunda-feira, 5, antes da abertura
das negociações dos papeis das companhias na Bolsa de Valores, por volta das 6
horas da manhã.
Com a fusão, novo negócio passará a responder por 22 marcas. Do lado da
Arezzo, estão marcas como Vans, Alexandre Birman e Schutz. Pelo Grupo Soma, a
Hering, Farm, Animale e outras.
A expectativa é de que os executivos das duas empresas divulguem uma
nota conjunta comentando o nascimento do novo empreendimento. Esta é a segunda
vez que os dois negócios buscam um acordo para a fusão das operações.
Namoro entre os negócios
As conversas sobre a fusão começaram em 2021, mas perderam tração com o
passar do tempo, conforme interlocutores do mercado financeiro. Nas últimas
semanas, as conversas voltaram a ganhar força, em partes, por iniciativa da
Arezzo, segundo fontes ligadas aos negócios.
Com os rumores de uma fusão, no início da semana, o Grupo Soma
confirmou, em um comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM),
que estava em conversas com a concorrente.
Segundo o documento, a possível associação pode ser mediante a junção de
suas operações e bases acionárias, envolvendo as ações das respectivas
companhias e a governança compartilhada do negócio combinado.
A Arezzo também emitiu durante a semana comunicado sobre o assunto. "A
companhia está em entendimentos com o Grupo Soma em que ambos avaliam uma
possível associação que poderá envolver a unificação das bases acionárias em
uma única companhia com governança compartilhada", diz o texto
A possível união dos negócios foi recebida de maneira positiva pelo
mercado financeiro. Após a veiculação de notícias sobre a fusão, as ações do
Soma subiram mais de 16%, e as da Arezzo, mais de 12%, apontando o otimismo dos
investidores com a movimentação no setor de moda.
Dificuldades do setor
Na avaliação do professor de varejo da FGV, Ulysses Reis, decisão de
unir os dois grupos ocorre como um reflexo de fatores como as dificuldades do
setor de moda, queda no valor de mercado das empresas separadamente e também à
chegada de novos negócios como as gigantes asiáticas. "É uma fusão
surpreendente", afirma o especialista.
Segundo Reis, fusão da Arezzo e Soma seguem o exemplo de outros grandes
grupos de moda no exterior que uniram forças para fortalecer os negócios.
Para o especialista, buscar sinergias entre marcas focadas em públicos
tão diferentes, ou de marcas que competem entre si pode ser um ponto de atenção
para a companhia. "Eles precisarão avaliar bem o catálogo de marcas dos dois
grupos", analisa. "Juntar dois negócios deste tamanho não é algo simples",
complementa.
Estadão