De acordo com um relatório recente do Bank of
America (BofA), espera-se que o governo de Javier Milei termine o ano com um
superávit primário de 1% do PIB na Argentina.
Os estrategistas bancários viram com bons olhos as recentes ações de
Milei, que incluíram um ajuste fiscal mais significativo do que o previsto, uma
grande desvalorização da moeda, um rápido acúmulo de reservas e um acordo com o
Fundo Monetário Internacional (FMI).
Segundo os especialistas, a correção do déficit fiscal e do saldo
externo proporcionaram estabilidade à economia do país. Em consequência disso,
eles acreditam que a recuperação dos títulos superou as expectativas.
A equipe do banco percebe uma forte resolução por parte do governo. Eles
estimam que aproximadamente 70% das correções podem ser implementadas sem a
necessidade de aprovação do Congresso argentino.
Equipe de banco prevê desafios para o ajuste fiscal do país
Especialistas preveem que o ajuste fiscal pode enfrentar obstáculos, como a
redução dos subsídios à energia, que está programada para começar em fevereiro.
Eles acreditam que a recessão será intensa no primeiro trimestre,
evidenciada pela queda marcante nos primeiros indicadores de consumo, o que por
sua vez impactará a renda governamental. Por outro lado, uma colheita mais
produtiva no segundo trimestre deve dar suporte à arrecadação.
O Bank of America prevê um superávit primário de 1% do Produto Interno
Bruto para a Argentina em 2024. A instituição destaca que, no médio prazo, o
governo deveria considerar substituir as elevações fiscais por mais reduções de
despesas e expansão do mercado formal.
A instituição financeira relatou que a Argentina conseguiu acumular uma
grande quantidade de reservas cambiais (US$ 3 bilhões), graças à desvalorização
do peso argentino e à contínua implementação de controles de capital no país.
Sinais Positivos na Inflação Desafiadora, Destaca
Banco
De acordo com os especialistas, a inflação continua sendo um desafio,
apesar de ter apresentado algumas indicações favoráveis. O percentual subiu
25,5% em comparação com o mês anterior em dezembro e concluiu 2023 com um
aumento de 211% (núcleo a 229%).
"Vemos o salto da inflação, em parte, como uma correção pontual do preço
relativo depois da desvalorização e da desregulamentação", informa o banco, no
relatório.
"Mas há também um componente persistente de políticas expansionistas
anteriores e indexação generalizada."
"Correções de preços relativos pendentes (por exemplo, na eletricidade,
no gás natural, nos combustíveis, nos transportes, na saúde, na educação)
pesarão sobre a inflação entre janeiro e abril."
Para a instituição financeira, a proposta de desindexação enviada ao
Congresso é um pré-requisito para um plano mais audacioso contra a inflação.
BofA prevê inflação de 210% para este ano
"O fato de o ministro da Economia, Luis Caputo, ter afirmado que o FMI está
disposto a celebrar um novo acordo que incorpore novos recursos é positivo para
os mercados", finaliza. "Embora vejamos isso como uma forma de o FMI esperar
por sinais de sucesso relacionados com os ajustes em andamento."
As informações são da Revista Oeste.