As taxas de diagnóstico de
transtornos mentais relacionados ao uso de maconha aumentaram mais de 50% nos
Estados Unidos em comparação com os últimos números disponíveis de 2019, revela
um relatório do instituto de análise de saúde Truveta, citado pelo The Wall Street Journal.
O professor de psiquiatria na Faculdade de Medicina da
Universidade de Yale, Deepak D"Souza, reconheceu que "os sintomas de
transtornos mentais graves, incluindo esquizofrenia, normalmente surgem na
adolescência, e a cannabis não pode ser isolada como culpada em nenhum caso
específico". No entanto, ele afirmou que "grandes estudos mostram uma ligação
clara entre o uso frequente e mais potente de cannabis e taxas mais elevadas de
psicose, especialmente entre os jovens consumidores".
Segundo o especialista em Toxicologia do Hospital Durand e diretor
de Toxicologia da Fundação Ibero-Americana de Saúde Pública, Francisco Dadic, a
maconha possui uma substância chamada THC, que é psicotrópica e psicoativa,
causando modificações cerebrais que podem levar a episódios psicóticos,
paranoia e até mesmo delírio paranoico em altas concentrações.
O
aumento do consumo, segundo a psiquiatra Geraldine Peronace, está relacionado à
visão mais complacente da substância, que tem se disseminado na cultura e nas
redes sociais. Ela destacou que, apesar da mensagem social de que a maconha não
faz mal, os casos de perturbações mentais na psiquiatria estão aumentando.
O Dr. Deepali Gershan, psiquiatra especializada em dependências,
ressaltou que a cannabis atual não é a mesma de décadas atrás e observou que
até 20% de seus casos envolvem pacientes em que o consumo de cannabis
desencadeou episódios psicóticos.
Especialistas alertam para a complexa relação entre o consumo de
cannabis, seu impacto no bem-estar emocional e a importância de abordar esse
problema, especialmente considerando que a cannabis atual é muitas vezes mais
potente do que as variedades comuns de décadas atrás.
O aumento do consumo em idades mais jovens é uma preocupação, e
especialistas destacam que a diminuição da idade de início do consumo de tabaco
está ligada ao uso de cannabis, evidenciando a busca pela excitação e estímulo
entre os jovens. O início precoce do consumo de cannabis está associado a
maiores chances de desenvolver transtornos relacionados ao uso dessa substância
em idades mais avançadas.
Os médicos do Hospital Infantil de Boston relatam que estão
tratando mais crianças com transtornos psicóticos decorrentes do uso de
cannabis, alertando para o ataque aos cérebros jovens. Especialistas destacam a
evolução da maconha, que agora pode conter THC altamente concentrado, e seus
derivados criados em laboratório, que eram raros há alguns anos.
Fonte: Gazeta Brasil