Um artigo publicado esta semana na revista Nature Medicine por uma equipe internacional de cientistas traz uma nova esperança para pacientes com Alzheimer. Nele, os pesquisadores afirmam ter desvendado o segredo da intrigante resiliĂȘncia de um homem à doença.
Conforme relata o jornal The New York Times, o paciente no centro do estudo é um colombiano que começou a sentir sintomas do Alzheimer de inĂcio precoce aos 40 anos. Ele tem uma mutação genética – PSEN1-E280A – que, aparentemente, foi o que teria provocado a condição.
Exames de seu cérebro, que havia começado a atrofiar, mostraram o desenvolvimento de placas amiloides e longas linhas de proteĂnas tau, ambas altamente indicativas da doença devastadora.
No entanto, apesar dessa mutação genética e da situação vista pelos médicos nos exames, o homem não chegou a desenvolver o distĂșrbio até os 67 anos, mais de 20 anos depois de ter começado a sentir efeitos.
"Caracterizamos o segundo caso do mundo com resiliĂȘncia extrema comprovada à doença de Alzheimer autossômica dominante", escreveram os pesquisadores, referindo-se a um caso semelhante ocorrido em 2019. "O paciente permaneceu cognitivamente intacto até os 67 anos de idade, apesar de ser portador de uma mutação PSEN1-E280A".
Acontece que os cientistas descobriram que o homem em questão tem uma segunda mutação genética que parece ter paralisado a doença pelo menos por algumas preciosas décadas.
Esse quadro, que os pesquisadores chamaram de COLBOS, foi capaz de bloquear a enfermidade de entrar no córtex entorrinal do paciente, uma parte do cérebro relacionada à memória e ao reconhecimento de objetos.
Essa segunda mutação conseguiu fazer isso produzindo uma versão ultrapotente de uma proteĂna que, de acordo com o NYT, "em Ășltima anĂĄlise, impede que fios emaranhados de proteĂnas tau se grudem e formem as estruturas que são caracterĂsticas da doença de Alzheimer".
Agora, os cientistas esperam que a proteĂna potente e protetora possa ser replicada e empregada em um tratamento farmacĂȘutico.
A história da pesquisa do Alzheimer é repleta de descobertas promissoras que, com o tempo, acabaram se revelando "baldes de ĂĄgua fria". Mas, a descoberta de pacientes com uma forte resiliĂȘncia natural à doença é, sem dĂșvida, uma luz no fim do tĂșnel no mundo frequentemente sombrio do tratamento e prevenção da patogenia.
Fonte: Olhar Digital