A Confederação Geral do Trabalho (CGT), principal central sindical argentina, anunciou a convocação de uma greve geral para o dia 24 de janeiro, em repúdio ao decreto e ao pacote de projetos de lei do recém-empossado presidente Javier Milei. O secretário-geral da instituição, Héctor Daer, declarou que a greve incluirá uma mobilização ao Congresso para apoiar deputados e senadores que se posicionarem contra as medidas.
No dia 24, a Câmara dos Deputados discutirá o pacote de projetos de lei conhecido como Lei Ônibus. Milei, que assumiu a Presidência em 10 de dezembro, prometeu uma significativa reforma na economia argentina, revogando ou reformando mais de 300 leis por meio de um decreto que entra em vigor nesta sexta-feira. O decreto também abrange o regime de trabalho.
O objetivo declarado por Milei é iniciar a reconstrução do país, devolvendo liberdade e autonomia aos indivíduos e desmontando regulamentações que, segundo ele, têm impedido o crescimento econômico. No entanto, Daer criticou a decisão, alegando que não há uma situação de necessidade ou urgência que justifique o decreto, prejudicando direitos individuais e coletivos dos trabalhadores, além do sistema de saúde.
Além do decreto, Milei apresentou ao Congresso um pacote de modificações nas leis que permite a privatização de mais de 40 empresas públicas e restringe o direito de reunião e manifestação. A CGT, com cerca de 7 milhões de afiliados, solicitou à Justiça a declaração de inconstitucionalidade do decreto de Milei, realizando uma mobilização que reuniu milhares de pessoas na sede dos tribunais em Buenos Aires.
A Argentina, que enfrenta uma grave crise com inflação anual acima de 160% e taxa de pobreza superior a 40%, está passando por um amplo plano de austeridade proposto por Milei. Esse plano inclui a eliminação de subsídios ao transporte e tarifas de serviços públicos, bem como a paralisação de obras de infraestrutura financiadas pelo Estado. Milei espera reduzir os gastos públicos em 5% do Produto Interno Bruto, embora tenha ocorrido uma desvalorização da moeda nacional em mais de 50%. Milei acredita que essas medidas, apesar das dificuldades imediatas, atrairão investimentos e transformarão a Argentina em uma potência.
*Com informações da AFP