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Tais Alcântara

Mulher que estava com Marcelinho Carioca nega relacionamento com ex-jogador e conta detalhes do sequestro

Tais Alcântara, funcionária da Secretaria de Esportes de Itaquaquecetuba, diz que foi obrigada a gravar vídeo apontando ex-marido como mandante do crime


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O ex-jogador de futebol Marcelinho Carioca e a amiga Tais Alcântara, de 36 anos, foram sequestrados no domingo (17) e resgatados pela Polícia Militar na segunda-feira (18), depois de uma denúncia anônima que apontou a casa, em Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo, usada pelos criminosos.

Tais, que é funcionária da Secretaria de Esportes de Itaquaquecetuba, onde Marcelinho foi secretário até janeiro deste ano, disse em entrevista ao g1 que foi obrigada a gravar um vídeo com o ex-jogador de futebol e apontar o ex-marido, Márcio Moreira, como mandante do crime.

"Não tenho nenhum envolvimento romântico com Marcelinho. Nunca tivemos. Nossa relação é puramente de amizade. Estou separada do Márcio. Moramos em casas separadas, não coabitamos, embora o divórcio ainda não esteja finalizado. Ainda somos legalmente casados", afirmou Tais.

Horas antes do sequestro, Marcelinho havia participado de um show do cantor Thiaguinho em Itaquera, Zona Leste de São Paulo, e Tais acompanhou as atualizações nas redes sociais do amigo, enviando mensagens e discutindo sobre ingressos para o dia seguinte.

"[Queria ver] se ele conseguia alguns ingressos para domingo, e ele disse que só conseguiria entregar para mim à noite, porque no dia seguinte ele tinha outros planos. Eu disse que não tinha problema. Ele me ligou quando estava chegando, e eu desci para pegar os ingressos", explicou Tais.

Devido à preocupação de Marcelinho em ficar no bairro, eles entraram no carro de luxo dele.

"Ele não queria ficar [no bairro]. Ia me dar as coordenadas do show, qual portão eu poderia entrar, com quem falaria. Damos uma volta de carro no quarteirão, e, quando estávamos nos aproximando, ele viu três caras vindo em direção ao carro. Eu disse que ia sair [do carro], e ele pediu para eu esperar, mas eu abri a porta, e os caras já nos abordaram, mandando colocar as mãos na cabeça", contou.

"Ele [Marcelinho] desceu e disse que era o ex-jogador. Os caras não acreditaram. Colocaram ele no carro e o agrediram com uma arma. Me colocaram no banco de trás apontando a arma para a minha cabeça."

Cativeiro

Marcelinho e a amiga foram levados a uma casa e deixados de frente para uma parede. O grupo ofereceu água, comida e supervisionou quando as vítimas precisavam ir ao banheiro.

"O tempo todo, eles só pediam senhas de PIX, coisas assim. Pegaram meu celular, provavelmente checaram o banco e viram que não tinha saldo, e estavam pedindo mais ao Marcelo. Marcelo disse que era ex-jogador, e eles começaram a investigar nas redes sociais. Entraram na minha rede social, entraram na rede social do Márcio, para descobrir quem éramos. A todo momento diziam que nos libertariam, que era para aguardarmos um pouco", disse Tais.

Os criminosos os forçaram a gravar um vídeo, de acordo com a vítima. Na gravação, Marcelinho afirma tê-la conhecido em uma festa, que ela é uma mulher casada e que o marido teria descoberto a suposta traição.

"O helicóptero começou a sobrevoar, e eles começaram a entrar em pânico, dizendo que "acabou para eles", que a farsa foi descoberta. Receberam uma mensagem de áudio de alguém dizendo para fazer um vídeo falso, porque se a casa deles caiu, a nossa também tinha que cair. Então, era para inventarmos uma história sobre o marido sequestrar, sair com uma mulher casada. Uma pessoa ficou segurando um cobertor, e outra apontou a arma", descreveu Tais.

Transferências bancárias foram feitas para contas dos criminosos. Enquanto isso, um policial militar desconfiou de um carro de luxo estacionado no bairro e pesquisou sobre o proprietário, chegando ao associado de Marcelinho.

"Passei o tempo todo rezando, pedindo ao Senhor que me protegesse, que protegesse o Marcelo, que protegesse nossas vidas. É um momento muito angustiante."

Resgate

Horas depois, denúncias anônimas levaram a Polícia Militar ao endereço do cativeiro. Eles entraram no local, onde havia várias casas, e encontraram Marcelinho e Tais em um dos cômodos.

"Quando o policial chegou, eu estava chorando. Estava em choque ao ver que aquilo estava realmente acontecendo, porque nem todos conseguem sair vivo de uma situação assim", comentou.

Na terça-feira, a Polícia Civil indiciou seis pessoas por sequestro, extorsão, formação de quadrilha, roubo, lavagem de dinheiro e receptação. Quatro estão presas, e duas estão sendo procuradas. A Divisão Antissequestro (DAS) de São Paulo está investigando o caso.

"Estou evitando olhar as redes sociais. Já estou traumatizada com tudo que aconteceu nos últimos dias, então não quero ficar mais traumatizada com as pessoas. As pessoas precisam começar a perceber que há uma família por trás, que há uma vida por trás. Elas acabam te criticando, te colocando em uma situação que você não está", desabafou Tais.

Márcio Moreira, autônomo e ex-marido de Tais, contou que foi avisado pelo filho sobre o desaparecimento dela na mesma noite do sequestro.

"Achei estranho, porque a Tais nunca fez um negócio desse [desaparecer]. Eu estava me preparando para ir para São Paulo, porque eu faço vendas. Fui para a casa para ficar com eles e estava vendo que estava acontecendo uma coisa estranha. Comecei a ficar preocupado. Fiz algumas ligações e não tive êxito", disse.

"Quando eu publiquei a foto dela, mais ou menos umas 11h30, começou a chover [comentários]. Parece que em questão de instantes minha vida virou do avesso. Foi quando descobriu que ela estava no cativeiro e começou o pessoal mandando mensagem, inclusive pessoas me xingando. Pessoas que eu nem conheço. Foi um transtorno pra mim total."

"Pensa numa situação difícil que eu fiquei. Quando a gente anda com a verdade, a verdade é uma coisa poderosa, que quando você é verdadeiro você não tem que temer nada. A gente sabe a minha índole. Aqui na cidade onde eu moro eu fui abraçado de uma forma inexplicável, porque ninguém apoia pessoas do mal, ninguém apoia bandido, e eles sabendo da minha índole fui superbem tratado nas delegacias. Já sabiam que eu não tinha nada a ver", destaca.

"Para você ter noção, eu estou há três dias sem trabalhar. A gente pode sair e vem um louco aí e confunde a gente: "olha o menino ali, o sequestrador. Pode fazer maldade'", se preocupa Márcio.

Ataques nas redes sociais

Após o vídeo gravado pelos sequestradores, Tais foi alvo de ataques nas redes sociais. Ela diz que está evitando olhar as redes sociais e que já está traumatizada com tudo o que aconteceu.

"Para você ter noção, eu estou há três dias sem trabalhar. A gente pode sair e vem um louco aí e confunde a gente: "olha o menino ali, o sequestrador. Pode fazer maldade'", disse a mulher.

Gazeta Brasil

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