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SaĂșde

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Pesquisa mostra mudanças na forma de encarar o câncer de mama

Por Eliashacker.com.br 06/11/2023 às 08:57:31

Visibilidade, luta pelo direito de acesso à saĂșde de qualidade e pela escolha em reconstruir ou não o seio após a cirurgia de retirada das mamas, a mastectomia. Esses são alguns dos achados da antropóloga Waleska de AraĂșjo Aureliano, professora do Instituto de CiĂȘncias Sociais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), em 20 anos de pesquisas, sobre como as mulheres com câncer de mama lidam com o processo de adoecimento.

Desde a década de 1980, de acordo com a professora, é possĂ­vel perceber mudanças na maneira como a doença é encarada pela sociedade, principalmente o discurso médico. Os profissionais de saĂșde saĂ­ram da perspectiva fatalista e hoje tĂȘm um diĂĄlogo mais franco com pacientes sobre o câncer de mama.

HĂĄ 40 anos, ainda era tabu para muitas pessoas mencionar a palavra câncer, que não era dita nem por profissionais de saĂșde, nem pela famĂ­lia dos pacientes. "Embora ainda tenhamos um estigma muito forte em torno da doença, muita coisa mudou. A percepção do câncer de mama como sentença de morte vem cedendo lugar à compreensão do câncer como uma doença crônica. Isso, claro, quando as pessoas afetadas tĂȘm acesso adequado a diagnóstico e tratamento."

Segundo Waleska, é muito importante que esse acesso seja mencionado na campanha Outubro Rosa, porque a ideia de que tudo depende da disposição individual das mulheres em se cuidar não funciona se não forem dadas as condições ideais para que todas possam fazer isso adequadamente".

De acordo com a professora, a internet, com as mĂ­dias sociais, foi uma das responsĂĄveis pelo processo de dar maior visibilidade do câncer de mama. "Isso afeta a narrativa das mulheres, uma vez que elas recebem esse diagnóstico acompanhado de um prognóstico que traz esperança de cura e qualidade de vida durante muitas décadas", afirma.

"A perspectiva de cura faz com que a pessoa acometida comece a ter outra imagem sobre sua trajetória e fique mais confortĂĄvel para falar no assunto abertamente. O relato é provocado por uma mudança na percepção sobre o próprio corpo, sobre o que significa ser mulher, independente de ter um seio ou dois, de ter feito reconstrução mamĂĄria ou não."

Empoderamento

Atualmente, Waleska se dedica a estudar trabalhos fotogrĂĄficos artĂ­sticos e textos autobiogrĂĄficos de mulheres que passaram pelo diagnóstico de câncer de mama. Para ela, esses registros marcam uma mudança na ideia da mulher como vĂ­tima para o empoderamento, com consciĂȘncia das mudanças provocadas pelo diagnóstico e pelo tratamento, assim como a perda da vergonha em expor o corpo ou falar sobre a doença.

"É o movimento de algumas mulheres dentro de um universo muito heterogĂȘneo. Não se pode pensar nas transformações como algo que atravessa todas as mulheres igualmente. HĂĄ uma variedade muito grande nessa experiĂȘncia, a depender de fatores sociais e culturais, de acesso à saĂșde, sua história pregressa, dos relacionamentos e do modo como ela se insere no mundo do trabalho", ressalta a antropóloga.

Ela também afirma ter observado, ao longo desses anos, que aa pluralidade de modos de entender o câncer de mama, em alguns casos, reforçam padrões de representação do corpo feminino. "É como se depois do câncer não bastasse vocĂȘ ser mulher, vocĂȘ tem que se mostrar como mulher."

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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