A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de NĂvel Superior (Capes) sofreu uma redução de R$ 116 milhões neste ano. Desse total, R$ 66 milhões ficarão retidos pelo governo federal e poderão ser liberados até o final de dezembro. Os R$ 50 milhões restantes representam um corte efetivo no orçamento da fundação.
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Capes tem o papel de expandir e consolidar a pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado) em todos os estados da Federação, além de ser responsĂĄvel pela formação de professores da educação bĂĄsica.
Diante da redução no orçamento, entidades ligadas à educação, que formam a Iniciativa para a CiĂȘncia e Tecnologia no Parlamento Brasileiro (ICTPBr) divulgaram uma nota na qual demonstram "grande preocupação com a situação orçamentĂĄria Capes".
Os setores afetados são, conforme a nota, as diretorias de Programas e Bolsas (R$ 50 milhões) e de Relações Internacionais (R$ 30 milhões), e as atividades de formação de professores da educação bĂĄsica (R$ 36 milhões).
Segundo as entidades, nos Ășltimos anos, especialmente no governo anterior, a supressão de bolsas de estudos do Sistema Nacional de Pós-Graduação (SNPG) "atingiu um nĂvel extraordinĂĄrio, provocando a desistĂȘncia de estudantes dos cursos de mestrado e doutorado e influenciou, diretamente, na inédita queda da produção cientĂfica brasileira em 2022, visto que mais de 90% dela é oriunda do nosso SNPG".
"Com os recentes bloqueios, cortes e uma perspectiva muito desfavorĂĄvel no Projeto de Lei OrçamentĂĄria 2024 para a Capes, fica difĂcil acreditar no lema "A CiĂȘncia voltou", pois é justamente no SNPG onde se encontra o esteio central do desenvolvimento cientĂfico e tecnológico brasileiro", dizem as entidades na nota.
A ICTPBr é composta por nove entidades de âmbito nacional, como a Academia Brasileira de CiĂȘncias, a Sociedade Brasileira para o Progresso da CiĂȘncia (SBPC) e a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes).
Em nota, o MEC diz que aumentou, em 2023, o orçamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de NĂvel Superior (Capes) em 54,6%, o que equivale a quase R$ 2 bilhões, em relação ao orçamento executado pela autarquia no ano passado. "O crescimento do orçamento para a Capes jĂĄ garantiu, entre outras ações, a expansão e reajuste nos valores das bolsas de mestrado, doutorado, pós-doutorado, iniciação cientĂfica e iniciação à docĂȘncia", diz a pasta.
O MEC diz ainda que o corte de R$ 50 milhões representa um percentual de 0,92% do orçamento discricionĂĄrio da Capes, que é de R$ 5,4 bilhões para 2023, e que atende às orientações da Junta de Execução OrçamentĂĄria (JEO), responsĂĄvel pelo assessoramento na condução da polĂtica fiscal do governo.
Em relação ao contingenciamento de R$ 66 milhões o MEC diz que "não é definitivo, com possibilidade de recomposição até o final do ano fiscal."
A nota acrescenta que outras ĂĄreas também estão tendo ajustes para que o plano orçamentĂĄrio do governo seja cumprido: "Com muito diĂĄlogo e respeito, que devem ser a tônica dos que trabalham pela Educação em suas vĂĄrias etapas, as demais ĂĄreas do ministério também estão ajustando ações e programas à necessidade de adequação ao plano orçamentĂĄrio de governo, um esforço em prol do Brasil e da saĂșde das finanças pĂșblicas. O MEC segue de portas abertas ao diĂĄlogo e à construção coletiva com todos os segmentos sociais, em busca de caminhos que elevem a Educação aos patamares que o Brasil merece e necessita."
Fonte: AgĂȘncia Brasil