O ministro da Economia e candidato a Presidência da Argentina, Sergio Massa, se prepara enfrentar uma nova rodada de críticas no 2º debate eleitoral. A 14 dias das eleições, o governista tenta se manter em 2º nas pesquisas de intenção de voto para conseguir uma vaga no 2º turno do pleito. O debate será realizado na faculdade de direito da Universidade de Buenos Aires, neste domingo (8.out,2023). Terá início às 21h (horário de Brasília).
No debate deste domingo (8.out), os temas discutidos pelos candidatos serão: segurança, trabalho, produção, desenvolvimento humano e proteção ao meio ambiente.
Em levantamento feito pela consultoria CB, Milei, do partido Liberdad Avanza, aparece com 32,2% das intenções de voto. O ministro da Economia, Sergio Massa (Unión por la Patria), vem em seguida, com 28,9%. Os 2 candidatos estão numericamente empatados dentro da margem de erro, de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. O 1º turno está marcado para 22 de outubro.
No 1º debate, que teve como foco a economia, Massa criticou o plano de Milei de dolarização e tentou se desvencilhar da imagem do presidente argentino, Alberto Fernández. Ele fez menções ao governo, mas não diretamente ao chefe do Executivo. Também não citou a vice-presidente, Cristina Kirchner.
Em outro momento, o governista, deixou de fazer uma pergunta, disse a Milei que daria a ele um espaço para pedir desculpas pelo que disse sobre o papa.
Milei já havia xingado o papa Francisco e disse que ele "encarnou o maligno". Mais recentemente, em entrevista ao jornalista norte-americano Tucker Carlson, o deputado o acusou de "ter afinidade com ditaduras sangrentas".
Os embates entre Massa e Milei devem se manter no 2º debate. Os 2 candidatos foram alvos no 1º debate. Os jornais argentinos consideraram que não houve um vencedor. Este é o cenário ideal para Milei e Massa neste domingo, que podem manter a imagem inalterada para tentar levar a disputa para o 2º turno.
Caso haja um 2º turno das eleições, será realizado em 19 de novembro. Neste caso, um 3º debate será realizado em 12 de novembro, também na faculdade de direito da Universidade de Buenos Aires.
Nascido em 22 de outubro de 1970 em Buenos Aires, Milei é formado em economia pela Universidade de Belgrano. Tem 2 mestrados cursados no Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social e na Universidade Torcuato di Tella.
Foi economista-chefe da empresa de previdência privada Máxima AFJP e da empresa de assessoria financeira Estudio Broda.
Também trabalhou como economista sênior do HSBC e como assessor econômico do militar e ex-deputado Antonio Domingo Bussi, acusado de crimes contra a humanidade cometidos quando foi governador de Tucumán.
O argentino de 52 anos integra ainda o B20 (Business 20), grupo de diálogo relacionado ao G20 para o setor empresarial, e o Fórum Econômico Mundial. Também já atuou como professor universitário de disciplinas sobre economia.
Na política, Milei foi eleito em 2021 para deputado. Ele se apresenta como um político de direita conservador "diferente de tudo que está aí" e usa o lema "contra a casta política", que, segundo o deputado, refere-se aos políticos argentinos que vivem do Estado, fazem políticas "contra a população" e que não resolvem os problemas do país.
Sergio Tomás Massa, 51 anos, nasceu em 28 de abril de 1972 na cidade de San Martín, na província de Buenos Aires. É formado em Direito pela Universidade de Belgrano.
Sua carreira política começou em 1999, quando foi eleito deputado provincial de Buenos Aires. Três anos depois, em 2002, foi indicado pelo então presidente argentino, Eduardo Duhalde, para comandar a Anses (Administração Nacional de Segurança Social). Ele ficou na função por 5 anos.
Em 2007, Massa, já adepto ao kirchnerismo –ideologia política de esquerda relacionada ao ex-presidente Néstor Kirchner e a Cristina Kirchner, atual vice-presidente da Argentina–, foi eleito prefeito da cidade de Tigre, na província de Buenos Aires.
No entanto, teve que deixar o cargo por ser nomeado, em julho de 2009, Chefe de Gabinete da então presidente Cristina Kirchner. Ele permaneceu no cargo por quase 1 ano. Depois desse período, Massa retornou à prefeitura de Tigre, e foi reeleito em 2011. Ele também atuou como deputado nacional de 2013 a 2017 e de 2019 a 2022.
Nas eleições presidenciais de 2019, o advogado chegou a cogitar sua candidatura, mas desistiu para apoiar a chapa de Alberto Fernández e Cristina Kirchner, atuais governantes da Argentina.
Em 3 agosto de 2022, Massa deixou o cargo de deputado e se tornou o 3º ministro da Economia da gestão de Fernández. Ele passou a comandar o órgão depois que o presidente decidiu unificar os ministérios da Economia, Desenvolvimento Produtivo e Agricultura, Pecuária e Pesca em uma tentativa de centralizar as ações para solucionar a crise econômica do país.
Conhecida como a dama de ferro argentina, Patricia Bullrich Luro Pueyrredon nasceu em 11 de junho de 1956 em Buenos Aires. É formada em humanidades e ciências sociais com foco em Comunicação pela Universidade de Palermo e tem mestrado e doutorado em ciência política pela Universidade de San Martín.
Em 1973, quando tinha 17 anos, Bullrich integrou o Juventude Peronista, grupo juvenil do peronismo, movimento político de esquerda relacionado ao ex-presidente argentino, Juan Domingo Perón.
Embora suas raízes políticas estejam ligadas à esquerda, a candidata à Presidência se apresenta como uma política de centro-direita. Atualmente, ela é presidente do Propuesta Republicana, que integra a coligação Juntos por el Cambio.
Bullrich foi deputada por Buenos Aires de 1993 a 1997 e 2007 a 2015. Também já atuou como ministra do Trabalho (2000- 2001), ministra de Segurança Social (2001) e ministra da Segurança (2015-2019).
O candidato peronista ficou em 6º lugar nas primárias, com 3,83% dos votos. Nascido em 19 de junho de 1949, Schiaretti é contador público pela Universidade Nacional de Córdoba.
Atualmente, é governador da província de Córdoba. Ele também já foi deputado 3 vezes: de 1993 a 1997, 2001 a 2003 e 2013 a 2015. Atuou ainda como vice-governador de Córdoba e secretário de Indústria da Nação.
Sua campanha eleitoral foca em um discurso crítico à coalizão governista, prometendo reverter a inflação que diz ter sido intensificada pelo kirchnerismo.
Nascida em 25 de fevereiro de 1972, Bregman é formada em Direito pela Universidade de Buenos Aires. Foi eleita deputada nacional em 2009, 2011 e 2015.
Nas eleições primárias, a candidata de esquerda teve 1,86% dos votos, ficando em 7º lugar na disputa.
Entre suas principais propostas de campanha, Bregman propõe um programa econômico "para que a crise seja paga por quem a gerou", em referência aos grandes empresários, os bancos e os latifundiários argentinos.
Ela também defende o rompimento com o FMI e o não pagamento da dívida com o fundo. "Que esse dinheiro seja usado para pagar salários, criar postos de trabalho e garantir acesso à saúde, educação e moradia", diz o plano de propostas apresentado pela candidata on-line.
Apoia ainda a nacionalização dos bancos e do comércio exterior para "evitar a fuga de capitais", fornecendo crédito para os empreendedores locais argentinos.
Na Argentina, as eleições presidenciais são realizadas a cada 4 anos. O mesmo período é usado para o pleito da Câmara, que elege quase metade dos deputados (130 ou 127, alternadamente a cada eleição, de 257 cadeiras). Já os senadores têm mandatos de 6 anos. Cada eleição escolhe um terço da Casa Alta, que tem 72 assentos.
Para as eleições de governadores, cada província tem seu calendário próprio. Este ano, só 4 escolherão novos chefes do Executivo: Buenos Aires, Catamarca, Entre Ríos e Santa Cruz.
Nas eleições gerais, os candidatos à Presidência precisam de ao menos 45% dos votos ou 40% e uma diferença de 10 pontos percentuais em relação aos demais candidatos para vencer em 1º turno. Caso ninguém atinja essa marca, será necessário um 2º turno, que está previsto para ser realizado em 19 de novembro de 2023. Neste caso, vence o candidato com maior número de votos.
Entenda o cronograma das eleições na Argentina deste ano:
Fonte: Poder360