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PM faz operação em favela de onde saíram suspeitos de homicídio de médicos na orla da Barra e apreende drogas

GardĂȘnia Azul, na Zona Oeste do Rio, era dominada pela milĂ­cia e passou a ser território do trĂĄfico

Por Redação 08/10/2023 às 15:30:17

PM faz operação na Gardênia Azul e apreende drogas ?- Foto: Reprodução

A PolĂ­cia Militar fez uma operação na noite deste sĂĄbado na GardĂȘnia Azul, favela da Zona Oeste do Rio de onde — segundo a investigação da Delegacia de HomicĂ­dios (DH) — saĂ­ram os suspeitos do triplo homicĂ­dio de médicos na Barra da Tijuca. Foram apreendidas 117 trouxinhas de maconha, 113 envelopes de cocaĂ­na e 78 de crack, além de R$ 1208. Agentes do Batalhão de Choque avistaram homens em atitude suspeita e, após realizar um cerco, detiveram um dos suspeitos. A ocorrĂȘncia foi registrada na 32ÂȘ DP (Taquara).

A GardĂȘnia Azul foi dominada por milicianos por trĂȘs décadas, mas, ao longo do Ășltimo ano, paramilitares que dominavam a favela fizeram um acordo com a maior facção do trĂĄfico do Rio. A partir do ano passado, os criminosos passaram a vender drogas no local.

Pelo menos dois dos quatro suspeitos de matar os médicos jĂĄ eram investigados por execuções em guerra contra a milĂ­cia na mesma região: contra Philipp Motta Pereira, o Lesk, e Ryan Soares de Almeida haviam mandados de prisão por crimes cometidos na Rua Araticum, que ficou conhecida como Rua da Morte e tem sido palco da disputa territorial entre as duas facções criminosas desde o ano passado.

Philipp Motta Pereira, o Lesk, e Ryan Soares de Almeida: traficantes que teriam sido executados por participação no triplo homicĂ­dio de médicos — Foto: Reprodução
Philipp Motta Pereira, o Lesk, e Ryan Soares de Almeida: traficantes que teriam sido executados por participação no triplo homicĂ­dio de médicos — Foto: Reprodução

esk e Ryan seriam integrantes da chamada Equipe Sombra, responsĂĄvel justamente por ataques a tiros contra rivais para retomada desses espaços. Em fotos publicadas nas redes sociais, Lesk chegou até a aparecer com uma camisa com o nĂșmero 121, referente ao artigo em que estĂĄ previsto o crime de homicĂ­dio no Código Penal. Na roupa, também estĂĄ a inscrição BMW, apelido de Juan Breno Malta, outro membro da quadrilha.

Guerra entre trĂĄfico e milĂ­cia

A ligação entre o crime e a guerra entre traficantes e milicianos na Zona Oeste entrou no radar da polĂ­cia após a anĂĄlise de uma comunicação entre traficantes interceptada pouco antes do ataque. "Acho que é Posto 2", disse um homem que, segundo os investigadores, faz parte da quadrilha que domina a GardĂȘnia Azul. Apesar de o quiosque onde os médicos estavam ficar entre os postos 3 e 4, a polĂ­cia acredita que o criminoso tentava comunicar a um comparsa a localização do miliciano Taillon de Alcântara Pereira Barbosa, de 26 anos, filho de Dalmir Pereira Barbosa, chefe do grupo paramilitar de Rio das Pedras.

A polĂ­cia jĂĄ sabe que Taillon não estava na praia durante a madrugada, mas seus desafetos o teriam confundido com o ortopedista Perseu Ribeiro de Almeida. De acordo com as polĂ­cias Civil e Federal, Perseu tem peso, altura, cabelo e barba parecidos com Taillon.

Médicos Marcos de Andrade Corsato, Perseu Ribeiro Almeida, Diego Ralf Bonfim e Daniel Sonnewend Proença foram alvo de ataque a tiros no Rio — Foto: Reprodução
Médicos Marcos de Andrade Corsato, Perseu Ribeiro Almeida, Diego Ralf Bonfim e Daniel Sonnewend Proença foram alvo de ataque a tiros no Rio — Foto: Reprodução

HomicĂ­dios crescem 150% na região

Nos Ășltimos dez anos, a Barra da Tijuca e o Recreio dos Bandeirantes experimentaram uma explosão de desenvolvimento. Alçada a "casa" dos Jogos OlĂ­mpicos de 2016, a região recebeu hotéis de redes internacionais, entrou na rota da alta gastronomia da cidade e virou, ao mesmo tempo, destino turĂ­stico e centro financeiro do Rio. A reboque dos investimentos, no entanto, veio o crime. Antes considerados "ilhas" de segurança na capital, Barra e Recreio viraram o epicentro de guerras entre traficantes, milicianos e bicheiros, passaram a ser palco de crimes bĂĄrbaros — como o ataque que vitimou trĂȘs médicos na orla na semana passada — e assistem a um aumento vertiginoso de assassinatos.

Segundo o Instituto de Segurança PĂșblica (ISP), de janeiro a agosto de 2023 foram registradas na ĂĄrea coberta pelo 31Âș BPM — que abrange, além de Barra e Recreio, ItanhangĂĄ, JoĂĄ, Vargem Grande e Vargem Pequena — 72 mortes violentas (que incluem homicĂ­dios dolosos, latrocĂ­nios, lesões corporais seguidas de morte e mortes por intervenção de agentes do estado). Esse é o nĂșmero mais alto de casos na região desde 2003. Em comparação com o mesmo perĂ­odo do ano passado, quando 29 pessoas foram mortas, os assassinatos mais que duplicaram — o aumento foi de 150%. Junto com o vizinho JacarepaguĂĄ, Barra e Recreio são as ĂĄreas onde casos de letalidade violenta mais cresceram em todo o Estado do Rio — que, no mesmo perĂ­odo, registrou queda de 1% nas mortes violentas.

A escalada de assassinatos foi precedida por mudanças na geopolĂ­tica do crime no Rio que levaram a disputas entre facções do trĂĄfico e milĂ­cias por territórios na região da Baixada de JacarepaguĂĄ — que compreende uma série de bairros da Zona Oeste, da Praça Seca até Grumari, passando por JacarepaguĂĄ, Barra e Recreio. A crise começou ainda em 2021, a partir da morte de Wellington da Silva Braga, o Ecko, então chefe da maior milĂ­cia do Rio, que fincou suas bases em Campo Grande, também na Zona Oeste.

Fonte: EXTRA GLOBO

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