WASHINGTON (Reuters) - Os republicanos linha-dura na Câmara dos Deputados dos Estados Unidos rejeitaram na sexta-feira um projeto de lei proposto por seu líder para financiar temporariamente o governo, tornando quase certo que as agências federais fecharão parcialmente a partir de domingo .

Numa votação de 232-198, a Câmara derrotou uma medida que prolongaria o financiamento governamental por 30 dias e evitaria um encerramento. Esse projeto de lei teria cortado gastos e imposto restrições à imigração e à segurança das fronteiras, prioridades republicanas que tinham poucas chances de aprovação no Senado, de maioria democrata.

O Senado, entretanto, tem apresentado um projeto de lei provisório bipartidário para financiar o governo até 17 de novembro, embora não esteja claro quando eles votarão.

"Ainda não é o fim, tenho outras ideias", disse o presidente republicano da Câmara, Kevin McCarthy, aos repórteres após a derrota do projeto de lei que ele havia apoiado.

Ele se recusou a dizer quais eram essas ideias.

Se o Congresso não aprovar um pacote de gastos que possa ser transformado em lei pelo presidente Joe Biden antes das 12h01 ET (0401 GMT) de domingo, os parques nacionais dos EUA serão fechados, a Comissão de Valores Mobiliários suspenderá a maior parte de suas atividades regulatórias, e o pagamento de até 4 milhões de funcionários federais será interrompido.

A secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, disse na sexta-feira que uma paralisação do governo "minaria" o progresso económico dos EUA ao paralisar programas para pequenas empresas e crianças, e poderia atrasar grandes melhorias na infra-estrutura.

A paralisação seria a quarta numa década e apenas quatro meses depois de um impasse semelhante ter levado o governo federal a poucos dias de incumprir a sua dívida de 31 biliões de dólares. A ousadia repetida levantou preocupações em Wall Street, onde a agência de classificação Moody's alertou que poderia prejudicar a qualidade de crédito dos EUA.

PESADO PESADO PARA OS MILITARES, DIZ BIDEN

Biden alertou que uma paralisação poderia ter um grande impacto nas forças armadas.

"Não podemos fazer política enquanto nossas tropas estão na brecha. É um abandono absoluto do dever", disse Biden, um democrata, em uma cerimônia de aposentadoria do general norte-americano Mark Milley.

McCarthy esperava que as disposições fronteiriças do projeto de lei de gastos republicano tivessem conquistado pelo menos nove resistentes da linha dura que até agora desafiaram os esforços para evitar uma paralisação.

Os democratas alertaram que o projeto de lei republicano reduziria os benefícios para mulheres e crianças pobres e os recursos para combater incêndios florestais.

No final, 21 republicanos linha-dura da Câmara ficaram do lado dos democratas para derrotar a medida.

"Alguns dos meus colegas não conseguiam realmente ver que proteger a nossa fronteira e cortar gastos era o caminho certo a seguir. E penso que isso foi importante", disse o deputado republicano Byron Donalds, membro do House Freedom Caucus, de linha dura, que votou a favor do conta.

McCarthy obteve uma pequena vitória na noite de quinta-feira, quando os republicanos conseguiram aprovar três dos quatro projetos de lei que financiariam quatro agências federais para todo o ano fiscal que começa em 1º de outubro. uma paralisação porque não financiam todo o governo, mesmo que se tornem lei.

Os resistentes dizem que o Congresso deveria concentrar-se nestas leis de gastos, em vez de em prorrogações temporárias, mesmo que isso leve a uma paralisação.

"O que funciona é arregaçar as mangas e abordar esses projetos de lei de assunto único e movê-los", disse o deputado Matt Gaetz em um podcast após votar contra o projeto provisório na sexta-feira.

Gaetz e um punhado de outros radicais ameaçaram destituir McCarthy do seu papel de liderança se ele confiar nos votos democratas para evitar uma paralisação.

"Estamos no meio de uma guerra civil republicana que já dura meses e agora ameaça uma paralisação catastrófica do governo", disse aos repórteres o principal democrata da Câmara, Hakeem Jeffries.

Muitos republicanos da Câmara também expressaram frustração com os seus colegas linha-dura.

McCarthy e Biden concordaram em junho com um acordo que teria fixado os gastos das agências em US$ 1,59 trilhão no ano fiscal de 2024, mas radicais como Gaetz dizem que esse valor deveria ser US$ 120 bilhões menor. Os legisladores não estão a considerar cortes em programas de benefícios populares, como a Segurança Social e o Medicare, que constituem uma parcela maior do orçamento de 6,4 biliões de dólares do governo.

O ex-presidente Donald Trump, provável oponente de Biden nas eleições de 2024, criticou os republicanos do Senado por trabalharem com os democratas em um acordo de financiamento.

Fonte: WASHINGTON (Reuters)