Em carta enviada à CPI da Câmara dos Deputados, o ex-CEO da Lojas Americanas, Miguel Gutierrez, acusou os acionistas de referência da empresa, Jorge Paulo Lemann, Alberto Sicupira e Marcel Telles, de omissão na crise que afetou a companhia em 2022.
Gutierrez afirma que os acionistas de referência participavam ativamente da gestão financeira da empresa e que tinham "forte influência e controle" sobre o departamento de contabilidade. Ele diz que foi comunicado por Sicupira em 2019 que seria desligado da empresa e que preparasse o processo de sucessão.
"Me tornei conveniente "bode expiatório" para ser sacrificado em nome da proteção de figuras notórias e poderosas do capitalismo brasileiro", diz Gutierrez.
Gutierrez afirma que a empresa enfrentava uma gravíssima dificuldade financeira e que precisava de novo aporte de seus acionistas em 2023 para se manter operando. Ele diz que ouviu de Rial que os acionistas não tinham interesse em aportar novos recursos e nem buscar novos investidores.
A Americanas refuta veementemente as argumentações apresentadas pelo senhor Miguel Gutierrez à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na véspera da apresentação do relatório final. A companhia reitera que o ex-dirigente da Americanas não contestou em nenhum momento os documentos e fatos apresentados à Comissão no dia 13 de junho, que demonstram a sua participação na fraude.
A Americanas reitera que o relatório apresentado na Comissão Parlamentar de Inquérito em 13/06, baseado em documentos levantados pelo Comitê de Investigação Independente, além de documentos complementares identificados pela Administração e seus assessores jurídicos, indica que as demonstrações financeiras da companhia vinham sendo fraudadas pela diretoria anterior da Americanas, capitaneada pelo senhor Miguel Gutierrez.
A Americanas confia na competência de todas as autoridades envolvidas nas apurações e investigações, reforça que é a maior interessada no esclarecimento dos fatos e irá responsabilizar judicialmente todos os envolvidos.
"Não há comentários a serem feitos por Sergio Rial à carta do senhor Miguel Gutierrez. O economista, que agiu como denunciante de boa-fé ao comunicar as inconsistências contábeis da Americanas em 11 de janeiro de 2022, aguarda as providências cabíveis para a responsabilização dos autores da fraude bilionária a partir das delações já homologadas e da continuidade das investigações em curso."
Fonte: Gazeta Brasil