Os olhos são muito mais do que a janela para a alma, eles podem ser a chave para compreender a saúde de nosso cérebro.
A capacidade de visualizar diretamente o sistema nervoso através da retina e do nervo óptico soa quase como algo da ficção científica. Contudo, especialistas têm explorado como o olho pode ser utilizado para diagnosticar doenças neurodegenerativas em seus estágios iniciais.
Enfermidades como a doença de Alzheimer, que têm impacto significativo na memória e comportamento, começam a se desenvolver no cérebro décadas antes dos primeiros sintomas aparecerem.
Se os médicos puderem identificar a doença em seus estágios iniciais, as pessoas poderão implementar escolhas de estilo de vida mais saudáveis. Isso é imprescindível para o controle de fatores de risco modificáveis como diabetes, hipertensão e colesterol alto.
Sinal de alerta para Alzheimer nos olhos
Um estudo recente teve o objetivo de descobrir se os olhos demonstrar sinais de declínio cognitivo. Para isso, os pesquisadores analisaram tecidos doados da retina e do cérebro de 86 indivíduos com diferentes níveis de declínio mental.
"Essas mudanças na retina se correlacionam com mudanças em partes do cérebro chamadas córtices entorrinal e temporal, um centro de memória, navegação e percepção do tempo", disse a autora sênior do estudo, Maya Koronyo-Hamaoui, professora do Cedars-Sinai em Los Angeles.
Os pesquisadores coletaram amostras de retina e do tecido cerebral ao longo de 14 anos de 86 doadores humanos com doença de Alzheimer e comprometimento cognitivo leve – o maior grupo de amostras de retina já estudado, segundo os autores. Estas amostras foram comparadas com amostras de doadores com função cognitiva normal.
O estudo, publicado na revista Acta Neuropathologica, verificou um aumento significativo no beta-amilóide, indicador da doença, na retina das pessoas com Alzheimer e declínio cognitivo precoce.
Além disso, as células microgliais, responsáveis por reparar e manter outras células, diminuíram 80% naqueles com problemas cognitivos, segundo o estudo.
O futuro do diagnóstico de Alzheimer
Os resultados apontam para uma possível revolução na abordagem do diagnóstico de Alzheimer. A capacidade de detectar a doença mais cedo, por meio de testes de retina não invasivos, pode oferecer inúmeros benefícios.
Entre eles, está a possibilidade de começar tratamentos preventivos mais cedo, retardar a progressão da doença e oferecer aos pacientes mais qualidade de vida.
Embora ainda seja necessário mais pesquisas nesse campo emergente, as descobertas abrem um novo universo de possibilidades para a detecção e tratamento do Alzheimer.
Catraca Livre