O ministro do Desenvolvimento Agrário Paulo Teixeira defendeu o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e respondeu uma crítica feita pelo seu colega, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, que fez uma comparação entre as invasões em propriedades rurais e os atos de vandalismo na Praça dos Três Poderes, em 8 de janeiro.
Neste sábado (29/4), Paulo Teixeira declarou que é impossível estabelecer relação entre o MST e os atos de 8 de janeiro.
"Eu não vejo nenhuma relação das ocupações do MST com o 8 de janeiro. 8 de janeiro foi um ataque à democracia uma destruição do patrimônio publico. Não vejo nenhuma correção entre ambas", afirmou Teixeira, durante um evento de convite à Feira Nacional da Reforma Agrária.
Na quinta-feira (29/4), Fávaro disse ser inconcebível manter as invasões de terra no país. "O nosso posicionamento é o mesmo do presidente Lula. Vamos enfrentar como já enfrentamos o legítimo sonho da terra. Invasão de terra não pode ser concebível e é tão grave quanto invadir o Congresso Nacional", afirmou Fávaro. "Invasão de terra tem de ser repelida no rigor da lei", reforçou.
As invasões deflagradas pelo MST registraram aumento desde o início do governo Lula, em especial no chamado "Abril Vermelho", ofensiva que incluiu ações em diversas propriedades - incluindo terras produtivas e áreas da Embrapa - e ocupações de sedes do Incra, aumentaram a tensão entre o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e setores do agronegócio.
O governo aceitou uma série de demandas do movimento e substituiu superintendentes regionais do Incra. Neste sábado, Teixeira também anunciou a preparação de uma plano emergencial de reforma agrária que será "maior do que foram os planos" dos primeiros mandatos de Lula.
Paulo Teixeira, porém, destacou que tem boa relação com Fávaro e disse que ele deu sinais de que a relação é recíproca quando esteve em um assentamento do MST no Paraná.
Na ocasião, durante a 1ª Festa da Colheita da Soja Livre de Transgênico da Reforma Agrária, o ministro teria dito ver o MST como um movimento "tecnificado, cooperativista em que a agroindústria acontece".
Essas declarações teriam causado incômodo de ruralistas com o ministro da Agricultura, que disse ter sido "desconvidado" da Agrishow, maior evento agrícola do País. O motivo seria devido a presença do ex-presidente, Jair Bolsonaro (PL), que também foi convidado para marcar presença no mesmo dia. Teixeira criticou a presença de Bolsonaro no evento.
Líderes do MST também defenderam Fávaro. O dirigente do MST, João Pedro Stédile, minimizou as falas do Fávaro e disse que o movimento tem "relação democrática e transparente" com o ministro. "Acho que ele é um homem sério. Está em boas mãos o ministério da agricultura", disse.
O movimento vai realizar um convite formal para Fávaro participar da Feira Nacional da Reforma Agrária.
Lucinéia Durães, da direção nacional do MST, afirmou que "a parte do agronegócio que dialoga e tem um projeto de desenvolvimento nacional está dentro do governo", na figura de Fávaro. "Uma pessoa de amplo diálogo e que tem sido atacado pelos setores de extrema-direita."
Fonte: (Agência Estado/Gustavo Queiroz)