O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, confirmou que a Austrália apresentou o caso de Julian Assange, mas afirmou que os EUA não desistirão de buscar sua extradição e pretende julgá-lo por espionagem.
Falando ao lado do ministro das Relações Exteriores da Austrália, Penny Wong, em Brisbane no sábado, Blinken disse que compreende "as preocupações e pontos de vista dos australianos", mas que as supostas ações de Assange "colocam em grave risco nossa segurança nacional, favorecem nossos adversários e colocam fontes humanas em sério risco de danos físicos e detenção".
Assange, cidadão australiano, está atualmente detido na prisão de Belmarsh, em Londres. Ele está lutando contra sua extradição para os EUA, onde enfrenta 17 acusações sob a Lei de Espionagem, com possibilidade de uma sentença de 175 anos de prisão. Defensores dos direitos humanos e da liberdade de imprensa pediram sua libertação, citando o deterioramento de sua saúde mental e física, enquanto o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, disse em maio que estava "trabalhando por meio de canais diplomáticos" para pressionar os EUA a desistir do caso.
As acusações contra Assange estão relacionadas à publicação de material confidencial obtido por denunciantes, incluindo documentos do Pentágono detalhando alegados crimes de guerra dos EUA no Iraque e no Afeganistão, bem como mais de 250.000 telegramas diplomáticos expondo os esforços dos EUA para, entre outras coisas, espionar seus aliados e influenciar eleições estrangeiras.
Embora Assange não tenha roubado pessoalmente esses documentos, ele está sendo processado por espionagem. Ele e seus apoiadores argumentam que a publicação deste material pelo WikiLeaks é protegida pela Primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos.
O ministro das Relações Exteriores, Wong, declarou no sábado: "Deixamos claro nossa opinião de que o caso do senhor Assange se arrasta há muito tempo. Dissemos isso publicamente e você pode antecipar que isso também reflete a posição que articulamos em particular".
A extradição de Assange da Grã-Bretanha para os EUA foi aprovada em 2020 pela então secretária do Interior do Reino Unido, Priti Patel. A editora apresentou seu recurso final contra a decisão em junho, depois que todos os oito fundamentos de um recurso anterior foram rejeitados por um juiz da Suprema Corte britânica.
Respondendo aos comentários de Blinken no sábado, o irmão de Assange, Gabriel Shipton, disse que agora cabe ao primeiro-ministro Albanese fazer um apelo público pela liberdade de Assange durante sua próxima visita aos EUA.
Fonte: Gazeta Brasil