O rali que a Bolsa teve nos últimos meses veio da percepção de que o ambiente político estava mostrando melhora, com avanço nas reformas. Além disso, a postergação da recessão mundial. O recuo da economia, por conta da alta dos juros mundo afora, já está há algum tempo no radar.
Na hora que tivemos essa melhora, mesmo que bem marginal nas duas frentes, foram grandes os ganhos. O pessoal começou a correr atrás, o técnico estava muito desfavorável. Só que, na minha avaliação, esse alívio está, por enquanto, sem combustível.
É importante lembrar que ainda há toda a questão tributária, seja com o impacto final sobre o setor de consumo, seja o que vai vir nos impostos diretos, em termos de JCP e dividendos. Isso segura alguns papéis importantes, especialmente no setor bancário. Contudo, isso se resolvendo daqui para o final do ano e com o mercado avançando, enxergo o Ibovespa buscando a barreira dos 130 mil pontos
Além disso, o mercado espera um início sustentável do ciclo de corte de juros. Por enquanto, esse começo de corte é só no Brasil. Do lado dos Estados Unidos, há a visão de que o Fed vai retomar o ciclo de alta depois da pausa técnica que eles fizeram. Aí não vemos muita notícia positiva, pelo contrário, há a chance de que venha até uma retomada se a economia continuar muito aquecida.
Ao que tudo indica, a temporada de balanços vai ser pouco animadora. A gente vê ali muito mais uma desaceleração marginal. Não avalio que terá algo muito positivo desse lado. Com resultados piorando, dependendo da situação, as empresas podem sofrer. Então o vetor é a temporada de resultados, no curto prazo. É preciso ver, de fato, como vão ser os números.
Dólar
O desempenho do dólar em relação ao real seguiu o humor externo nessa semana, embora a alta da moeda americana tenha sido mais contida aqui do que em relação a outros pares emergentes devido à entrada de recursos no País.
O Brasil ainda mantém um carrego elevado de juros, que tende a manter o fluxo positivo de dólares. Temos visto uma boa entrada de fluxo investidor estrangeiro há alguns dias, porque o carrego do real ainda é muito bom. Enquanto o juro do Brasil não estiver em baixa, enquanto a Selic não estiver em um dígito, o que não deve acontecer tão cedo, tem uma janela boa para ficar apostado em real, e a cabeça do estrangeiro é essa.
O mercado cambial chegou nesse último pregão da semana com agenda vazia e cotações flutuantes devido ao recesso no Congresso e ausência de indicadores relevantes. A atenção dos investidores está voltada para as perspectivas da agenda econômica brasileira, com destaque para a tramitação da reforma tributária no Senado Federal a partir de agosto.
Sobretudo, sem grandes novidades, os mercados também estão à espera da divulgação do IPCA-15 na próxima terça-feira (25), para o qual é esperado uma queda de 0,05%, na comparação mensal.
*Luiz Felipe Bazzo é CEO do transferbank, uma das 15 maiores corretoras de câmbio do Brasil. O executivo também já trabalhou em multinacionais como Volvo Group e BHS. Além disso, criou startups de diferentes iniciativas e mercados tendo atuado no Founder Institute, incubadora de empresas americanas com sede no Vale do Silício. O executivo morou e estudou na Noruega e México e formou-se em administração de empresas pela FAE Centro Universitário, de Curitiba (PR), e pós-graduado em finanças empresariais pela Universidade Positivo.
Fonte: *Luiz Felipe Bazzo, CEO do transferbank