A recuperação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) após uma cirurgia de 12 horas no intestino serĂĄ longa, e não hĂĄ previsão de alta. A informação foi dada pela equipe médica do Hospital DF Star, em Brasília, na manha desta segunda, 14. "Vai ser um pós-operatório muito prolongado. Não hĂĄ previsão de alta nesta semana", afirmou o cardiologista Leandro Echenique. "Não temos grande expectativas de uma evolução rĂĄpida", completou o especialista em cirurgia geral ClĂĄudio Birolini.
A cirurgia de laparotomia exploradora à qual Bolsonaro foi submetido começou às 10h de domingo e se estendeu até a noite. Os profissionais de saúde descreveram o procedimento como "complexo, trabalhoso" apesar de esperado, e o resultado, como "excelente" e "bastante satisfatório".
Inflamação
Na primeira avaliação médica após a chegada a Brasília – na sexta-feira passada -, Bolsonaro estava estĂĄvel, mas a tomografia identificou um quadro de distensão abdominal e ele apresentava uma elevação dos marcadores inflamatórios (a presença no sangue da proteína C-reativa, ou PCR, indica o nível de inflamação no organismo): enquanto o normal é 1 mg/dL, o dele chegou a 150 mg/DL.
Com isso, os médicos optaram pela cirurgia. Birolini, que conduziu a operação, descreveu a situação do abdome como "hostil, com múltiplas cirurgias prévias, aderĂȘncias causando um quadro de obstrução intestinal, e uma parede abdominal bastante danificada em função da facada e das cirurgias prévias".
Os médicos levaram duas horas de cirurgia mais quatro ou cinco horas de liberação de aderĂȘncias para acessar a cavidade abdominal de Bolsonaro. Na segunda etapa, foi preciso pensar uma "estratégia para a reconstrução" do órgão. "Só para ter uma ideia, a liberação dessas aderĂȘncias é feita de forma milimétrica, liberando um intestino que tem trĂȘs metros e meio", afirmou Birolini. "O intestino dele estava bastante sofrido, o que nos leva a crer que ele jĂĄ vinha de um quadro de suboclusão hĂĄ alguns meses."
Echenique relatou que a equipe médica encontrou "muitas aderĂȘncias" na parede intestinal. As próximas 48 horas serão importantes para que os especialistas verifiquem eventuais intercorrĂȘncias, como aumento do risco de infecções, de trombose e coagulação do sangue, e da necessidade de medicamentos para controlar a pressão arterial.
Após os primeiros dois dias, haverĂĄ uma segunda fase do pós-operatório. Os médicos disseram que serĂĄ preciso "deixar o intestino descansar, desinflamar, retomar sua atividade, para só depois pensar em alimentação via oral". O ex-presidente vai se alimentar com uma nutrição na veia por enquanto. Questionado se Bolsonaro vai precisar usar uma bolsa de colostomia, que jĂĄ foi necessĂĄria em casos operatórios anteriores, Birolini disse que, "a princípio, não".
"Voltaremos"
Ontem, o ex-presidente usou as redes sociais para agradecer os apoios. Em uma publicação no X (antigo Twitter), Bolsonaro afirmou que seu estado de saúde "é estĂĄvel, mas a recuperação exige cuidados intensivos e serĂĄ gradual". "No momento, ainda não hĂĄ previsão para minha alta. Meus mais sinceros agradecimentos para todos neste momento. Um forte abraço em cada um e repito: voltaremos!", escreveu.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.