A regulação das big techs no Brasil está em um cenário de debates intensos, sem consenso e com propostas que avançam lentamente no Congresso Nacional. O principal foco está na criação de regras claras para a moderação de conteúdo nas plataformas digitais, que podem ser multadas severamente em caso de descumprimento. Essas diretrizes se inspiram em modelos adotados pela União Europeia.
Atualmente, segundo o Marco Civil da Internet, empresas como Google, Meta e X (ex-Twitter) não podem ser responsabilizadas por conteúdos de terceiros. Elas só são obrigadas a remover publicações após decisão judicial específica. No entanto, os novos projetos pretendem mudar esse cenário.
Um dos projetos mais discutidos determina que as plataformas possam ser responsabilizadas caso difundam conteúdos enquadrados como crimes, como:
Esse ponto levanta preocupações sobre liberdade de expressão e a possibilidade de censura prévia, tornando-se um dos principais eixos de conflito no debate.
As regras se aplicariam a redes sociais, buscadores e mensageiros com mais de 10 milhões de usuários no Brasil, incluindo empresas estrangeiras. A proposta também obriga as big techs a:
Em 2023, o presidente da Câmara, Arthur Lira, tentou aprovar o regime de urgência para o projeto conhecido como PL das Fake News, mas foi derrotado: 249 votos a favor, 207 contra – eram necessários 257. A derrota evidenciou a complexidade política do tema, que divide tanto a oposição quanto a base do governo.
Setores da esquerda temem que o texto afete blogs e veículos alinhados ao PT e aliados. Já a direita critica o projeto por enxergar riscos de cerceamento da liberdade de expressão e de perseguição ideológica.
Curiosamente, outro projeto que ganhou prioridade tem origem na oposição: o PL 4691/2024, de Silas Câmara (Republicanos-AM) e Dani Cunha (União Brasil-RJ). Ele defende:
Apesar de conservador, o PL recebeu apoio do governo na gestão de Alexandre Padilha, então ministro de Relações Institucionais. Atualmente, tramita na Comissão de Educação, presidida por Maurício Carvalho (União Brasil-RO), e pode seguir diretamente ao Senado se aprovado.
Outros projetos visam as plataformas de streaming. O PL 2.331/2022, do senador Nelsinho Trad (PSD-MS), aprovado no Senado, aguarda análise da Câmara. Ele propõe:
Críticos afirmam que o percentual é baixo frente aos 30% exigidos na Europa. Já o PL 8.889/2017, do petista Paulo Teixeira, prevê alíquotas de 1% a 6% sobre o faturamento das plataformas, com isenção para empresas que investirem em produção nacional, capacitação e infraestrutura.
Ambos os projetos enfrentam resistência da oposição, que argumenta que as medidas podem limitar a livre circulação de conteúdo digital.
O avanço da inteligência artificial (IA) também está no radar. O PL 2.338/2023, de autoria do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), cria o Sistema Nacional de Regulação e Governança de IA e já foi aprovado no Senado. Ele obriga empresas a:
O uso de conteúdos protegidos será permitido para educação, pesquisa, jornalismo e preservação cultural, desde que não tenha fins comerciais.
O PL 3.504/2021, relatado por Gustavo Gayer (PL-GO), defende a liberdade irrestrita para críticas aos Poderes, mesmo com ironias e adjetivos. Junto ao projeto de Kim Kataguiri (União Brasil-SP), propõe o fim do chamado "crime de opinião".
Apesar do apoio da bancada bolsonarista, a proposta está parada, necessitando passar por três comissões antes de ir ao Senado. A tramitação deve seguir lenta, a depender do cenário político.
No STF, o debate é mais avançado. A Corte julga duas ações que questionam o artigo 19 do Marco Civil da Internet, que exige decisão judicial para responsabilizar plataformas por conteúdo de terceiros.
Os votos até agora indicam que o tribunal pretende endurecer as regras:
O ministro André Mendonça pediu vista e deve apresentar seu voto até o fim de abril. A expectativa é que o STF tome uma decisão ainda neste semestre, o que poderá gerar efeitos imediatos na regulação das plataformas no país.
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Fonte: Agora Notícias Brasil