A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) investiga um soldado do Corpo de Bombeiros (CBMDF) acusado de aplicar golpes milionários, simulando ser investidor do mercado financeiro. Prometendo ganhos estratosféricos, o militar Francimar Lopes do Carmo Júnior, 32 anos, fez com que um pastor amargasse prejuízo de R$ 500 mil. O caso é apurado pela 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul).
O militar teria feito pelo menos outras duas vítimas, além do pastor. Com a garantia de ter a identidade preservada, o líder evangélico contou detalhes de como perdeu meio milhão de reais após cair no golpe do bombeiro.
O pastor conheceu a família de Francimar ainda em 2012, mas deixou o país e retornou em 2020, quando reencontrou as pessoas. Durante o contato, as conversas sobre investimento e operações no mercado financeiro se intensificaram.
Habilidoso com as palavras e demonstrando conhecimento sobre operações complexas, que, segundo ele, renderiam muitos dividendos, o bombeiro convenceu o pastor a investir R$ 39 mil em uma empresa. O aporte renderia 5% ao mês e, de fato, o lucro passou a pingar na conta do pastor. "Ele passou a fazer pequenos depósitos na minha conta como se fosse o rendimento de juros", disse.
Confiando que o negócio fosse vantajoso, a vítima investiu mais R$ 80 mil no que seria uma aplicação certeira. "Acabei perdendo esse dinheiro e ele me convenceu a pegar um empréstimo no banco de R$ 400 mil. Francimar disse que já havia feito este empréstimo, refinanciando a própria casa e ganhando dinheiro", explicou.
Quando estava desolado com a perda do dinheiro, o militar foi até a casa do pastor e disse que o ajudaria. Ao chegar ao local, o soldado pediu que a vítima desbloqueasse o celular e fez um depósito de R$ 369 mil na conta de sua própria companheira. Algum tempo depois, as pequenas quantias continuaram sendo depositadas na conta do pastor.
No entanto, após um ano de investimento, a vítima pediu que o montante aportado fosse todo devolvido, mas não tornou a ver a quantia. O militar passou a protelar e criar desculpas para devolver o dinheiro do religioso. "Cheguei a pedir para a mãe dele que devolvesse o dinheiro, mas todos estão envolvidos nos golpes. O dinheiro das vítimas costuma ser depositado nas contas da mulher, do pai e da mãe. Esse golpista não tem nada no nome dele, nem imóvel, nem carros", disse a vítima.
Com as constantes cobranças, o pastor acabou sendo bloqueado no WhatsApp pela mãe do bombeiro. O golpista seguia alegando que devolveria o dinheiro, o que jamais ocorreu. As cobranças se arrastaram por mais de dois anos, até que a vítima resolveu procurar a Polícia Civil e registrar ocorrência.
Mesmo assim, o pastor ainda acreditou na palavra do bombeiro e emprestou seu carro para o falso investidor, com a garantia de que o militar pagasse um valor pelo aluguel. Depois de quatro meses utilizando o veículo, o bombeiro fez a devolução ao pastor mas não pagou os valores acordados. Além disso, o carro foi devolvido com uma série de multas.
A coluna procurou o comando-geral do Corpo de Bombeiros para saber se a corporação tinha conhecimento das denúncias envolvendo o militar. "O CBMDF informa que está analisando a situação junto aos setores responsáveis. O Corpo de Bombeiros ratifica que se manifesta contrário a qualquer prática delituosa e que empregará esforços para que tão logo sejam elucidados os fatos", ressalta a nota da corporação.
O bombeiro foi procurado pela reportagem por meio dos telefones que constam na ocorrência, mas ele não atendeu as ligações. O espaço permanece aberto para manifestações.
Fonte: Metropoles