A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, disse na quarta-feira, 12, que o governo federal, seja quem for o presidente, não conseguirĂĄ governar em 2027 com o atual arcabouço fiscal, indicando que vĂȘ uma "janela de oportunidade" no fim do próximo ano para um ajuste necessĂĄrio das contas públicas.
"Chegou o momento que em 2027, seja quem for o próximo presidente da República, não governa com esse arcabouço fiscal, com essas regras fiscais, sem gerar inflação, dívida pública e detonar a economia", disse Tebet em entrevista à GloboNews, que foi ao ar na noite de quarta-feira.
Segundo a ministra, serĂĄ difícil aprovar qualquer medida de ajuste fiscal no Congresso até as eleições de 2026, uma vez que os parlamentares estariam preocupados com o impacto de tais iniciativas na busca de sua reeleição.
Com isso, Tebet afirmou que vĂȘ uma "janela" para a discussão de medidas de contenção dos gastos nos últimos dois meses do próximo ano, logo após as eleições, defendendo que o país não pode desperdiçar a oportunidade de fazer um ajuste necessĂĄrio nas contas públicas.
"O que nós temos de janela de oportunidadeÂ
em novembro e dezembro de 2026, seja o presidente Lula reeleito ou seja um outro presidente eleito, é fazer o dever fiscal, é cortar gastos, o supérfluo e fazer uma política em um arcabouço mais rigoroso", apontou.
A ministra argumentou que essa estratégia seria exatamente o oposto do que foi feito após as eleições de 2022, quando foi necessĂĄrio que o governo recém-eleito apresentasse a chamada "PEC da Transição" para restabelecer políticas públicas como o Bolsa Família, o Auxílio-GĂĄs e o FarmĂĄcia Popular.
Tebet ainda reafirmou o compromisso do governo em cumprir a meta fiscal de déficit primĂĄrio zero para este ano e classificou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, como um "verdadeiro herói" por defender a responsabilidade fiscal diante da resistĂȘncia dentro do próprio partido.
Inflação dos Alimentos
Na entrevista, Tebet também defendeu a medida anunciada pelo governo para zerar a alíquota de importação de alguns produtos a fim de reduzir os preços dos alimentos, o que o Executivo vĂȘ como fundamental para tentar recuperar a popularidade do presidente Lula.
De acordo com a ministra, a medida terĂĄ um "efeito moral" ao estimular produtores brasileiros a manter parte de sua produção no país diante da concorrĂȘncia de produtores estrangeiros, o que terĂĄ como consequĂȘncia a redução dos preços dos alimentos devido ao aumento da oferta no mercado nacional.
Na semana passada, o vice-presidente Geraldo Alckmin anunciou a iniciativa de zerar a alíquota de importação de certos alimentos, afirmando que a isenção incluirĂĄ produtos como carne, café, açúcar e milho, entre outros, e é parte de um "primeiro" conjunto de medidas.
Fonte: Agora NotĂcias Brasil