A crise interna no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ganhou novos contornos nesta segunda-feira (20), com a divulgação de uma carta assinada por 100 gerentes e assistentes da instituição. No documento, os servidores expressam insatisfação com a gestão do presidente Márcio Pochmann e denunciam práticas que, segundo eles, estariam comprometendo o funcionamento e a autonomia do IBGE.
Principais Denúncias dos Servidores
No documento, os servidores afirmam que o "clima organizacional está deteriorado" e que as lideranças do instituto encontram dificuldades para desempenhar suas funções. Além disso, a carta manifesta apoio aos diretores Elizabeth Hypolito e João Hallak Neto, que pediram exoneração no início de janeiro devido ao descontentamento com a gestão de Pochmann.
Os servidores acusam o presidente do IBGE de ter "posturas autoritárias" e de desrespeitar o corpo técnico da instituição. Também há críticas à criação da Fundação IBGE+, considerada por muitos dentro do instituto como uma entidade paralela que comprometeria o protagonismo do IBGE na condução das pesquisas nacionais.
"O clima organizacional está deteriorado e as lideranças encontram sérias dificuldades para desempenhar suas funções. Por isso, não vemos outro caminho senão solicitar o apoio da sociedade e a atenção das autoridades competentes para sanar a crise instaurada", afirma a carta.
Críticas à Fundação IBGE+
A Fundação IBGE+, anunciada pela gestão de Pochmann, é um dos principais alvos de críticas. De acordo com os servidores e o Sindicato Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras do IBGE (ASSIBGE), a fundação teria sido desenvolvida "paralelamente e em segredo", sem diálogo com o corpo técnico ou com o Conselho Diretor.
Além disso, os servidores apontam outras decisões polêmicas da atual gestão, como:
- Fim do home office, adotado por parte dos funcionários desde a pandemia;
- Transferência da sede do IBGE, atualmente no Centro do Rio de Janeiro, para a Zona Sul da cidade, decisão que também teria sido tomada sem discussão interna.
Reações e Consequências
A crise já levou dois diretores a pedirem demissão, e mais dois estariam na iminência de deixar seus cargos ainda em janeiro. O descontentamento, que inicialmente vinha do sindicato, agora também se reflete em grande parte do corpo técnico, aumentando a pressão sobre a presidência do instituto.
Por outro lado, Márcio Pochmann rebateu as críticas e acusou os servidores de estarem divulgando "mentiras". A postura do presidente tem gerado ainda mais atritos dentro da instituição, dificultando um consenso sobre os rumos da gestão.
Pedido de Intervenção
Diante do agravamento da crise, os servidores pediram atenção da sociedade e das autoridades para resolver os problemas enfrentados pelo IBGE. O grupo argumenta que a autonomia do instituto, essencial para sua credibilidade, está sendo colocada em xeque pelas decisões tomadas pela atual gestão.
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