Os dois estados serão os focos iniciais da campanha nacional devido ao registro de um caso de poliomielite no Peru, ocorrido em dezembro do ano passado e confirmado em março. O paciente é uma criança do distrito de Manseriche, a 500 quilômetros da fronteira brasileira.
"É uma região de população indÃgena, então há muita circulação na fronteira. Isso levantou um alerta", explicou Gatti. "Temos um risco de reintrodução da poliomielite, então a nossa missão é recuperar as coberturas vacinais, principalmente na fronteira,", acentuou.Segundo ele, o Amazonas e o Acre já estão fazendo ações de vacinação contra a pólio mesmo antes da campanha de multivacinação. "Já teve ação de intensificação contra a poliomielite na fronteira, mas a gente vê uma necessidade de expandir para todo o estado [tanto do Amazonas quanto do Acre]", argumentou.
A ideia é que a campanha dure uma semana, mas como há muitos vilarejos ribeirinhos e aldeias indÃgenas, é possÃvel que demore mais do que isso, ponderou Gatti.
Outros estados
Segundo ele, a campanha chegará aos outros estados no segundo semestre, possivelmente a partir de agosto. "Com o resto do paÃs, a gente está fechando uma agenda de pactuações para transferência de recursos", disse.
"A discussão que [que está havendo] é se a gente trabalha na lógica de estratificação, começando com municÃpios prioritários crÃticos e depois avança nos outros municÃpios. Isso depende de uma articulação com estados e municÃpios", explicou.
Além de imunizar contra pólio e sarampo, a campanha buscará atualizar as vacinações de crianças e adolescentes até 15 anos, aplicando doses para esse público.
"A ideia é usar estratégias de busca ativa com agentes comunitários, vacinação em ambiente escolar e checagem de carteira sempre que a pessoa tiver acesso aos serviços de saúde", afirmou.
Gatti participou, hoje (2), do 7º Simpósio Internacional em Imunobiológicos, que será realizado até quinta-feira (4), na sede da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro.
Unicef
A secretária nacional de Vigilância em Saúde, Ethel Maciel, também esteve presente. Ela destacou que, de acordo com dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), há cerca de dois milhões de crianças que não têm qualquer proteção vacinal no paÃs.
Além dessa busca ativa e das vacinações nas escolas, Ethel acredita que esse número será reduzido devido ao programa Bolsa FamÃlia, que tem como condicionalidade a imunização de crianças.
"A falta dessas doses está justamente nas comunidades com nÃvel socioeconômico mais desfavorecido. Com a retirada das condicionalidades que existiam para o recebimento dos programas de renda [pelo governo anterior], isso teve impacto significativo. Essas condicionalidades são fundamentais como uma oportunidade de explicar a necessidade de um acompanhamento dessas crianças e das vacinas", ressaltou a secretária.
Agência Brasil