Sonho roubado. A vida do empresário Ivan Santana mudou desde que criminosos invadiram a loja dele, em João Pessoa, no mês passado. Os bandidos quebraram a base da porta do estabelecimento que vendia roupas e levaram quase tudo. O prejuízo deixado chega a R$ 25 mil e, até hoje, Ivan trabalha para reparar a perda.
Não posso desistir. Sigo firme e lutando todos os dias
Os gastos para reconstruir o negócio não estavam nos planos do empresário quando ele decidiu transformar a loja virtual em um empreendimento físico, no bairro Funcionários, em João Pessoa. Ao Portal T5, ele contou que depois que teve a loja arrombada voltou a trabalhar de forma online. "Agora estou entregando por delivery e com retirada na garagem da minha casa", disse.
Assim como Ivan, centenas de comerciantes vivem a angústia de ter que reverter o estrago causado por criminosos. Dados da Secretaria do Estado da Segurança e da Defesa Social (SEDS), obtidos pelo T5 por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), revelam que a quantidade de arrombamentos a lojas têm aumentado na Paraíba. Os registros desses crimes cresceram 198% de janeiro a abril deste ano quando comparados com o mesmo período de 2022.
As informações são do Sistema de Procedimentos Policiais da Polícia Civil (SPP), que desde o segundo semestre do ano passado foi ampliado para o interior da Paraíba. Com isso, mais crimes passaram a ser registrados. Para a SEDS, essa é uma das razões que explica o salto no número de arrombamentos no estado.
Para se ter uma ideia do impacto dessa ampliação nos dados analisados, vale destacar as cidades Cajazeiras e Juazeirinho, que não tiveram registros de arrombamentos nos quatros primeiros meses de 2022. Por outro lado, neste ano, os municípios já somam 32 crimes dessa natureza.
Onde acontece
João Pessoa e Campina Grande são as cidades com mais registros de arrombamento de lojas na Paraíba. Somente de janeiro a abril deste ano, foram registrados 48 crimes desse tipo na capital paraibana, o que representa um aumento de 54% em comparação com o ano passado. Já em Campina Grande, o crescimento foi ainda maior: 360%. Nesse período, os casos de arrombamentos de empresas saltaram de cinco para 23 no município.
Na lista de cidades com mais registros desses crimes, Cajazeiras e Sousa aparecem na sequência.
Fechando as portas
A insegurança é um dos obstáculos para a instalação de uma loja física e também é um dos desafio para mantê-las de portas abertas. Ao Portal T5, o professor e especialista em empreendedorismo George Rogers, explicou o motivo: "Sempre que há elevação nos índices de arrombamentos na cidade, é gerada insegurança para o cliente, o que reflete no faturamento da empresa. E isso vai influenciar no tempo de vida do negócio".
Os dados confirmam a justificativa do professor. De acordo com um levantamento do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas na Paraíba (Sebrae/PB), os negócios em operação no estado têm uma média de vida de pouco mais de três anos.
No cenário nacional, a Paraíba foi o terceiro estado do Brasil que mais registrou fechamento de empresas nos quatro primeiros meses de 2023, em comparação com o final do ano passado. A informação é do boletim Mapa de Empresas do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços do governo federal.
No centro da capital
Na semana passada, o Portal T5 divulgou que aproximadamente 200 lojas fecharam as portas no Centro da capital paraibana. A informação foi repassada pela Câmara de Dirigentes Lojistas de João Pessoa (CDL/JP). O representante dos lojistas de João Pessoa fez uma avaliação do cenário e apontou os prováveis motivos para o fechamento dos negócios, veja aqui.
Portal T5